Viseu, 09 jul 2025 (Lusa) -- A ausência de ar condicionado tem obrigado algumas Unidades de Saúde Familiar (USF) de Viseu a colocar os medicamentos em quarentena, uma situação que os enfermeiros dizem começar a ser normal.
"Não devia ser, mas, infelizmente, já começa a ser normal. Todos os anos, no verão, em alturas de picos mais altos de temperatura, há imensos medicamentos que vão para o lixo, porque se estragam com o calor", disse à agência Lusa um dos responsáveis do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.
Alfredo Gomes disse ser "um problema que afeta vários centros de saúde do país" e, em Viseu, além das quatro USF que estão no edifício MAS, comummente chamado de "prédio alto", também o centro de saúde três, em Jugueiros, está sem climatização.
"Ainda na sexta-feira levámos essa questão à reunião com a administração [da Unidade Local de Saúde (ULS) Viseu Dão Lafões] e o que nos disseram lá é que a manutenção dos edifícios, assim como o ar condicionado, é da responsabilidade das câmaras, ao abrigo da transferência de competências", acrescentou Alfredo Gomes.
A agência Lusa questionou o presidente da Câmara Municipal de Viseu sobre a ausência de ar condicionado no edifício MAS, que afirmou que "os problemas estruturais não são da responsabilidade da autarquia".
"Fui contra a transferência de competências e fiquei com elas por imposição legal, mas sempre disse que o edifício MAS tinha problemas estruturais. E esses não pode ser a Câmara de Viseu a resolver, tem de ser o dono, que é a Segurança Social", disse.
A agência Lusa questionou a Segurança Social na terça-feira e, até ao momento, ainda não obteve qualquer resposta.
O presidente da secção regional do Centro da Ordem dos Médicos, Manuel Teixeira Veríssimo, disse à agência Lusa que "a quarentena da medicação é o procedimento normal, perante uma situação destas, de exposição a altas temperaturas.
A causa para essa quarentena, como a indevida climatização, "é que é um problema grande, não só para os doentes como para todos os profissionais de saúde que lá estão no dia-a-dia, a trabalhar nestas condições terríveis como têm sido os últimos dias e, em particular, em Viseu".
"O que sei é que o ar condicionado tem de ter manutenções regulares e, nessa altura, fazem análise aos conteúdos. Na última encontraram razões para fazer tratamento a todo o sistema e tiveram de fazer esse tratamento que só se faz com o sistema desligado", esclareceu Manuel Veríssimo.
Questionada a ULS Viseu Dão Lafões sobre a quarentena dos medicamentos, a administração disse à agência Lusa que "foi informada pela entidade responsável pela manutenção do edifício do MAS que o sistema de ar condicionado se encontrava em intervenção técnica e que, por essa razão, não estaria funcional durante alguns dias".
"Neste sentido, e face às altas temperaturas registadas nos últimos dias, a ULSVDL procurou responder de imediato a este constrangimento no sentido de minimizar o impacto junto de utentes e profissionais", escreveu.
Na mesma nota de imprensa, realça que "a ULSVDL está a averiguar se ficou por dar resposta a alguma situação sendo que, em caso positivo, será efetuado novo agendamento em estreita articulação com os utentes afetados".
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