Rodrigo Lapa tinha apenas 15 anos quando foi violentamente assassinado, em Portimão, no Algarve, em 2016, alegadamente às mãos do padrasto, Joaquim Lara Pinto, que fugiu na altura para o Brasil e só agora, quase uma década depois do crime, foi detido.
O homem, que é o único suspeito da morte do jovem, vivia desde então com o pai em Cuiabá, no estado brasileiro de Mato Grosso.
Durante todo este tempo, a Defesa evocou problemas de saúde mental e, inclusive, entregou um atestado do arguido a alegar inimputabilidade.
Joaquim Lara Pinto vai ser agora julgado no Brasil, por homicídio qualificado e profanação de cadáver. Se for considerado culpado poderá ser condenado a 40 anos de prisão.
Para já, começaram a ser ouvidas testemunhas em Portugal a pedido das autoridades brasileiras.
Mãe escondeu "relação conturbada" do filho com o companheiro
O caso remonta a 22 de fevereiro de 2016, dia em que Rodrigo foi dado como desaparecido pela mãe, Célia Barreto, que, inicialmente, como recordou a TVI, omitiu a relação conturbada entre o companheiro, de nacionalidade brasileira, e o filho.
Apesar disso, segundo a investigação do Ministério Público (MP) português, citada pela RTP, concluiu ainda que a mãe do jovem, ouvida durante a investigação pelos inspetores da Polícia Judiciária (PJ), sempre na qualidade de testemunha, nada teve a ver com o desaparecimento e a morte do filho.
Rodrigo foi encontrado morto nove dias depois, a 2 de março, do outro lado da estrada, num terreno baldio localizado em frente à casa onde morava com a mãe, o padrasto e uma irmã bebé, entre o sítio das Vendas e o Malheiro, junto a uma das principais entradas da cidade.
O corpo do jovem tinha sinais de estrangulamento de ter sido alvo de muita violência, o que chocou o país.
Nessa altura já Joaquim Lara Pinto estava no Brasil. O homem terá fugido imediatamente após o homicídio para o país de onde é natural.
As autoridades acreditam que o crime foi cometido por "motivos fúteis", nomeadamente uma discussão por causa de dinheiro.
Joaquim confessou crime?
O Correio da Manhã avança esta terça-feira, 24 de junho, que Joaquim Lara Pinto terá confessado a uma amiga que agrediu violentamente Rodrigo Lapa, na sequência de uma discussão e que o enteado acabou por morrer.
A testemunha-chave foi inquirida na segunda-feira, por videoconferência, no Tribunal de Portimão, onde terá relatado o que o padrasto do jovem lhe disse antes de fugir para o Brasil.
Foram ouvidas, segundo o matutino, ainda mais cinco testemunhas, entre elas a mãe de Rodrigo, Célia Barreto, e amigos do jovem.
"Eles tinham muitas discussões e na altura o Rodrigo descobriu que o padrasto, a mãe e a irmã iam viajar para o Brasil sem ele", confessou o então melhor amigo do jovem assassinado, à saída do Tribunal de Portimão, onde foi ouvido por videoconferência.
Rodrigo Lapa frequentava um curso de Cozinha na cidade de Lagoa, no Algarve, quando desapareceu. O jovem faltou às aulas três dias antes de a mãe ter comunicado às autoridades o seu desaparecimento, a 22 de fevereiro.
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