"Já não há superpotência nenhuma que seja tão superpotência quanto isso"

Marcelo Rebelo de Sousa insiste na via diplomática, sugerindo que os Estados Unidos falharam na mediação do conflito. Nesta senda, considera que "já não há superpotência nenhuma que seja tão superpotência quanto isso".

Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa,

© Horacio Villalobos#Corbis/Getty Images

Carmen Guilherme com Lusa
24/06/2025 19:32 ‧ há 8 horas por Carmen Guilherme com Lusa

País

Presidente da República

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apelou, esta terça-feira, ao "diálogo" ao abordar os confrontos entre Israel e o Irão, dando a entender que os Estados Unidos falharam na mediação conflito, especificamente Donald Trump. 

 

"Mal ou bem, o mais importante em politica é o tempo (...) O tempo corre e nos assistimos nos últimos dois dias, três dias a uma aceleração do tempo. E todos queremos construir a paz e para construir a paz o cessar-fogo é muito importante", começou por dizer o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas a partir de Maputo, onde vai participar nas comemorações dos 50 anos da proclamação da independência de Moçambique.

"Mas, temos a noção de que, imediatamente após uma boa notícia de que é um cessar-fogo pelas várias partes, há uma noticia menos boa de que pode haver reticências de uma parte ou de outra em relação ao cessar-fogo, o que nos cria uma perplexidade", apontou.

Na ótica de Marcelo, depois do cessar-fogo anunciado na segunda-feira pelo presidente norte-americano, Donald Trump, os eventos das últimas horas, com relatos de que a trégua foi violada, mostram que "já não há superpotência nenhuma que seja tão superpotência quanto isso" e que há falta de diálogo e multilateralismo.

"Faz falta haver diálogo, faz falta haver multilateralismo, faz falta as pessoas falarem. Porque, quando se vê a liderança de uma superpotência declarar vai haver cessar-fogo e, depois, na primeira esquina da história, quero dizer menos de 24 horas depois, reconhecer que não há cessar-fogo - como se viu em relação à Ucrânia, dizer-se 'é numa semana, é num mês', vamos em seis meses. Isso não convence (...) Quer dizer que, no fundo, já não há superpotência nenhuma que seja tão superpotência quanto isso. Então é preciso o dialogo é preciso a via diplomática", considerou.

"Se alguém que, supostamente, por uma atuação unilateral pode criar condições para um cessar-fogo falha, só há uma maneira de não se falhar: realmente os que estão interessados, ou devem estar interessados no cessar-fogo, falarem entre si. Senão, é uma barafunda. O mundo transforma-se numa barafunda. Porque promete-se uma coisa num dia, no dia seguinte é outra coisa. Depois, volta a prometer-se noutro dia, no dia seguinte é outra coisa ", criticou.

Segundo Marcelo, Portugal e os membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa querem ser "permanentemente plataforma de diálogo".

"Estamos em todos os continentes, banhados por todos os oceanos (...) Quer dizer que podemos estabelecer diálogos. Diálogos com a Europa, diálogos entre a Europa e a África, entre a Europa e a América Latina, a Europa e a Ásia, entre todos, porque se não as pessoas deixam de acreditar na política e nos políticos", concluiu o Presidente português.

Recorde-se que Israel e Irão aceitaram um plano de cessar-fogo proposto pelo presidente dos Estados Unidos para pôr fim à guerra de 12 dias que abalou o Médio Oriente, depois de Teerão ter atacado a base de Al-Udeid, no Qatar, uma das principais instalações militares norte-americanas no Médio Oriente.

Telavive e Teerão acusaram-se mutuamente de terem violado a trégua.

A guerra entre Israel e o Irão, foi desencadeada em meados de junho por bombardeamentos israelitas contra território iraniano, levando à retaliação de Teerão.

Os dois lados registaram centenas de mortos e feridos, tendo a guerra assumido uma nova dimensão com os bombardeamentos pelos Estados Unidos de várias instalações nucleares iranianas, incluindo o complexo de Fordo.

Fordo, com capacidade de enriquecimento de urânio a 60%, segundo especialistas, situa-se a cerca de 100 quilómetros a sul de Teerão.

"Combates têm de parar. Povos de ambos os países já sofreram demasiado"

O secretário-geral da ONU, António Guterres, instou hoje Israel e o Irão a "respeitarem integralmente" o cessar-fogo anunciado na segunda-feira pelo Presidente norte-americano, Donald Trump.

Lusa | 16:00 - 24/06/2025

[Notícia atualizada às 21h52]

Leia Também: Kallas desvaloriza críticas de Trump a Espanha e espera "acordo"

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas