Antes de sair dos Estados Unidos para se deslocar à cidade holandesa de Haia para participar na cimeira da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), o Presidente norte-americano, Donald Trump, reiterou o apelo para que os aliados disponibilizem 5% do produto interno bruto (PIB) à área da defesa, vincando que "Espanha é um problema" por recusar tal ambição.
Questionada sobre tal posição, Kaja Kallas disse aos jornalistas europeus em Haia: "Quero dizer, somos 27 democracias no que respeita à União Europeia, por isso é claro que temos sempre questões diferentes e também temos opiniões públicas internas diferentes".
"Temos de ter isso em conta, mas no final acabamos sempre por chegar a acordos", adiantou, falando a alguns jornalistas no centro de imprensa da cimeira da NATO.
Em Washington, Donald Trump disse existir "um problema com Espanha" por o país "não concordar", o que a seu ver "é muito injusto para os restantes" aliados.
Na segunda-feira, o secretário-geral da Aliança Atlântica, Mark Rutte, rejeitou que Espanha esteja isenta do compromisso de investir pelo menos 5% do PIB na área da defesa, contradizendo declarações do primeiro-ministro espanhol.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, tinha dito que Espanha conseguiu uma isenção do compromisso de investir pelo menos 5% do PIB em defesa nos próximos anos (3,5% de investimento direto e 1,5% em investimento de utilização dupla).
Também na segunda-feira, o Governo espanhol reiterou que tem garantido um acordo no seio da NATO que torna flexível o objetivo dos Estados-membros da organização gastarem 5% do PIB em defesa.
Já hoje, em Haia, o Presidente norte-americano divulgou uma mensagem que lhe foi enviada pelo secretário-geral da NATO, Mark Rutte, dizendo que os Estados Unidos "estão a partir para mais um grande sucesso" em Haia, onde os aliados vão decidir o aumento das despesas com defesa.
"Vocês vão conseguir algo que nenhum Presidente norte-americano conseguiu em décadas", declarou.
A Europa vai pagar "um preço enorme" para financiar a defesa "como deve ser" e "essa será a sua vitória", escreveu ainda Rutte a Donald Trump, que critica frequentemente os poucos investimentos europeus.
A cidade holandesa de Haia acolhe, hoje e na quarta-feira, a cimeira da NATO, prevendo-se novo compromisso entre os 32 países aliados para gastarem mais em defesa face à instabilidade geopolítica mundial.
Os aliados devem hoje chegar a acordo para afetar 3,5% do PIB dos 32 países aliados a gastos militares tradicionais (forças armadas, equipamento e treino) e 1,5% do PIB adicionais em infraestruturas de dupla utilização, civis e militares (como relativas à cibersegurança, prontidão e resiliência estratégica), um acréscimo face ao atual objetivo de 2%.
Portugal está representado na cimeira de Haia pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, e pelos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, Paulo Rangel e Nuno Melo, respetivamente.
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