Base das Lajes. Explicação do Governo não convence nem Irão nem Esquerda

Para o embaixador do Irão em Lisboa "se alguém participa numa guerra, é parte dessa agressão". Por isso, vai questionar o Governo português sobre a “neutralidade” portuguesa no ataque dos EUA. Quem também quer esclarecimentos é a Esquerda, que não está convencida com as justificações do Executivo AD.

Base das Lajes

© ANTONIO ARAUJO/AFP via Getty Images

Natacha Nunes Costa
24/06/2025 09:47 ‧ há 4 horas por Natacha Nunes Costa

País

Base das Lajes

A utilização da Base Aérea das Lajes, localizada na ilha Terceira, na Região Autónoma dos Açores, pelos Estados Unidos da América (EUA), horas antes do ataque às instalações nucleares do Irão, continua a gerar muita celeuma.

 

Há quem desdramatize a situação, garantindo que é algo usual, que “não é nenhuma anormalidade”, como é o caso do socialista João Soares e de vários comentadores políticos. O major-general Agostinho Costa, por exemplo, disse à Euronews que “está a fazer-se uma tempestade num copo de água”.

O Governo e o Presidente da República menorizam. Porém, Marcelo Rebelo de Sousa viu necessidade de explicar, na segunda-feira, que Portugal não tinha “conhecimento” do plano de ataque dos EUA a Teerão, capital do Irão e onde estavam localizadas as instalações nucleares do país.

"O Governo comunicou-me o que se passava. Esse pedido foi formulado pelos Estados Unidos para a permanência na Base das Lajes [de mais de uma dezena de aviões], no quadro do acordo que existe já há muitos anos, de aeronaves abastecedoras, para abastecer a frota americana no Atlântico, quer a naval quer a aérea. Ponto final. É uma situação normal, que tem acontecido e pode acontecer", atirou Marcelo, em declarações aos jornalistas feitas a partir de Luanda, Angola.

De acordo com o Chefe de Estado, essa notificação por parte dos EUA foi recebida "uns dias antes" do ataque ao Irão e não houve qualquer referência a essa investida.

"Não sei mais do que isso. Foi uns dias antes daquilo que aconteceu. Não só não tínhamos conhecimento como não havia nada na notificação que apontasse para isso", garantiu ainda.

"Se alguém participa numa qualquer guerra, por qualquer motivo, é parte dessa agressão"

Contudo, as explicações de Marcelo e do Governo parecem não ser suficientes. Nem para a Esquerda nem para o Irão.

À Rádio Renascença, na segunda-feira, o embaixador do Irão em Lisboa, Majid Tafreshi, revelou que vai questionar o Executivo português sobre a utilização da Base das Lajes pelos EUA.

"Se alguém participa numa qualquer guerra, por qualquer motivo, é parte dessa agressão", realçou o diplomata, acrescentando que necessita por parte do Governo de Luís Montenegro de mais explicações sobre a “neutralidade” portuguesa no ataque americano ao Irão.

As explicações dadas pelo Executivo AD também não convencem a Esquerda que, segundo o jornal Público, equaciona uma audição ao ministro da Defesa, Nuno Melo, no Parlamento.

"Há peças que estão a faltar"

O Livre, por exemplo, defende que, “ao afirmar que se tratou apenas de aeronaves de reabastecimento e que o sucedido é habitual”, o ministério “não respondeu integralmente às questões” do partido, nem esclareceu se os aviões norte-americanos que passaram pela Base das Lajes poderão, mesmo indiretamente, ter apoiado operações contra o Irão”, nem “garantiu que o espaço nacional não será usado para ações que violem o direito internacional”.

Perante este cenário, o Livre considera, segundo o jornal Público, que se “justifica uma audição” a Nuno Melo, estando, para já, a “avaliar essa possibilidade”. “Há peças que estão a faltar, queremos saber quais e porquê”, salientou o partido.

"Governo está a fugir"

Segundo a mesma publicação, também o PCP considera que o ministro da Defesa não deu “os esclarecimentos que se exigem” e acusa o Governo de “fugir à confirmação daquilo que parece ser cada vez mais evidente: de que houve uma efetiva utilização da Base das Lajes por parte dos EUA no ataque ao Irão”. Por essa razão, os comunistas admitem “avançar com novas iniciativas” que tragam mais respostas.

Perante isso, fica no ar a dúvida: Pode Portugal vir a ter problemas por ter deixado os EUA aterrarem mais de uma dezena de aviões reabastecedores em território português, enquanto atacava o Irão?

Leia Também: Irão não sabia sobre aviões dos EUA nas Lajes, mas vai questionar Governo

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