EUA usam Lajes antes de atacar Irão. Portugal "cúmplice da guerra"?

Partidos pediram explicações ao Governo sobre a utilização por parte dos EUA da Base das Lajes, na ilha Terceira, nos Açores, para aterrar pelo menos 12 aviões da Força Aérea norte-americana antes do ataque às instalações nucleares do Irão.

Base das Lajes

© Kurt Mendonça / Facebook / Asas dos Açores

Notícias ao Minuto com Lusa
23/06/2025 09:12 ‧ há 4 horas por Notícias ao Minuto com Lusa

Política

Base das Lajes

O Ministério da Defesa Nacional confirmou, este domingo, que os Estados Unidos (EUA) pediram autorização, no dia 18 de junho, para que 12 aviões reabastecedores utilizassem a Base das Lajes, na ilha Terceira, nos Açores, pedido este que teve uma resposta positiva por parte do Executivo da Aliança Democrática, chefiado por Luís Montenegro.

 

Num comunicado enviado às redações, no dia 22 de junho, a tutela liderada por Nuno Melo indica que os EUA "solicitaram, através de nota diplomática, autorização para 12 aviões reabastecedores utilizarem a Base das Lajes, a qual foi concedida".

O Ministério da Defesa sublinha ainda que "este é um procedimento habitual" e que "as aeronaves que se encontram nos Açores são aviões de reabastecimento aéreo". "Não se trata de meios aéreos ofensivos, mas tão só de aeronaves de reabastecimento", refere.

A tutela aponta que "este é um procedimento habitual" e sublinha que "ao abrigo do Acordo de Cooperação e Defesa entre Portugal e os EUA a utilização da Base das Lajes para o estacionamento ou trânsito de aviões militares está sujeito a autorização prévia do Estado português" e que o país "concede autorizações específicas, trimestrais ou permanentes de sobrevoo e aterragem, não apenas aos EUA, mas a muitos outros países".

Com base nestas autorizações, "o estacionamento de aeronaves militares é normalmente notificado com 72 horas de antecedência ou com antecedência mais curta, devido à imprevisibilidade de algumas missões", explica o Ministério.

"Não passam meios de combate dos EUA pela Base das Lajes há mais de um mês"

O Governo esclarece ainda que "não passam meios de combate norte-americanos pela Base das Lajes há mais de um mês" e que para além deste pedido, emitido "pelas vias regulares e adequadas, não houve mais nenhum contacto por parte das autoridades dos EUA".

Em causa, note-se, está a presença de mais de uma dezena de aviões reabastecedores da Força Aérea norte-americana na Base Aérea das Lajes, utilizada militarmente pelos EUA, no âmbito de um acordo de cooperação, e cujo motivo ainda não foi totalmente esclarecido. Na sexta-feira, constatava-se a presença no local de 12 destas aeronaves. 

Partidos questionam Governo sobre Base das Lajes

Desde que se soube que, pelo menos, 12 aviões da Força Aérea norte-americana tinham estado na Base das Lajes, localizada na ilha Terceira, nos Açores, nas vésperas dos EUA terem atacado as instalações nucleares do Irão, que os partidos pedem explicações ao Governo.

O candidato à liderança do PS, José Luís Carneiro, considerou ser importante perceber estas movimentações para que todos estejam conscientes das responsabilidades internacionais do Estado. Antes, o deputado e líder do PS Açores, Francisco César, já tinha dito que os socialistas queriam saber se o Governo tinha sido notificado pelas autoridades norte-americanas .

o Livre questionou o primeiro-ministro sobre a intensificação da utilização da Base das Lajes, nos Açores, pela Força Aérea norte-americana, e pediu ao Governo que se oponha ao objetivo da NATO de investir 5% do PIB em Defesa. Por sua vez, no X (antigo Twitter), Rui Tavares escreveu que "Trump é um presidente de guerra" e que "Portugal não pode estar do seu lado".

Por sua vez, também nas redes sociais, a coordenadora nacional do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, apelou para que Portugal condene o "plano de Trump e Netanyahu" para dominar o Médio Oriente, insistindo que o Governo deve impedir a utilização da Base das Lajes pelos EUA.

Ainda antes dos bombardeamentos, no sábado à noite, o secretário-geral do PCP tinha também recusado que Portugal volte a ficar "com as mãos manchadas" e a ser "cúmplice da guerra", com a utilização da Base Aérea das Lajes pelos norte-americanos.

"Perante os aviões norte-americanos que se estão a instalar na Base das Lajes é bom que não se repita a triste figura que aconteceu aquando do Iraque", defendeu o líder comunista, Paulo Raimundo, ao intervir numa sessão pública em Beja.

Base das Lajes? Paulo Raimundo recusa Portugal

Base das Lajes? Paulo Raimundo recusa Portugal "cúmplice" da guerra

O secretário-geral do PCP recusou no sábado à noite que Portugal volte a ficar "com as mãos manchadas" e a ser "cúmplice da guerra" com a utilização da Base Aérea das Lajes, nos Açores, pelos norte-americanos.

Lusa | 01:28 - 22/06/2025

Por sua vez, André Ventura, presidente do Chega, considerou que "o Irão JAMAIS deve ter armas nucleares" e atirou que "quem não perceber isto está a brincar com a nossa segurança coletiva e com o nosso futuro".

"Acho que é, ou deveria ser, consensual em Portugal e na Europa que o Irão JAMAIS deve ter armas nucleares. Quem não perceber isto está a brincar com a nossa segurança coletiva e com o nosso futuro", escreveu, na rede social X (Twitter).

"Conformidade com acordos de acesso a bases"

Questionada pela Lusa sobre a presença dos aviões nas Lajes, fonte do Departamento de Defesa dos Estados Unidos disse apenas que "o Comando Europeu dos EUA acolhe habitualmente aviões militares (e pessoal) dos EUA em regime transitório, em conformidade com acordos de acesso a bases e sobrevoo com aliados e parceiros".

Na quarta-feira, a Lusa questiou novamente a mesma fonte sobre um possível reforço da atividade militar nas Lajes, devido à situação no Médio Oriente, mas foi dito apenas que naquele dia não havia alterações a anunciar.

Leia Também: EUA atacam Irão. Por cá, partidos questionam Governo sobre Base das Lajes

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