Há exatamente uma semana soube-se que um "doador mistério" tinha pagado as multas que permitiriam manter o principal suspeito do desaparecimento de Madeleine McCann, Christian Brueckner, preso pelo menos até janeiro. Agora, a revista alemã Der Spiegel revelou que o pagamento da multa no valor de 1.446 euros foi feito por uma ex-polícia do Departamento Federal de Polícia Criminal (BKA, na sigla em alemão), uma força policial correspondente ao FBI.
Com as multas pagas, Christian Brueckner, de 48 anos, deverá ser libertado a 17 de setembro, altura em que termina a pena de sete anos de prisão na Alemanha, por um crime de violação que cometeu em 2005, no Algarve, em Portugal, sobre uma idosa norte-americana que, na altura, tinha 72 anos.
No entanto, este novo cenário não agrada aos investigadores do caso Maddie, que queriam manter Christian Brueckner atrás das grades mais tempo para poderem apresentar novas acusações pelo desaparecimento da menina britânica.
"Isto não é apenas um escândalo, é uma falha catastrófica de supervisão. A polícia tem de explicar como é que isto pôde acontecer sob a sua vigilância", afirmou uma fonte do Ministério Público alemão à Der Spiegel.
Entretanto, o advogado de Brueckner, Friedrich Fuelscher, revelou que o alemão pretende ficar na Alemanha quando for libertado e quer ir viver na ilha de Sylt, no Mar do Norte, também conhecida como "ilha dos bilionários".
"Sylt já lhe agradou no passado", lembrou Friedrich Fuelscher.
Sylt é a ilha mais a norte da Alemanha, localizada ao largo de Schleswig-Holstein. Está ligada à parte continental do país desde 1927, pela ponte de Hindenburgdamm.
Christian Brückner foi, em 2023, constituído arguido pelo desaparecimento da menina inglesa. É que, de acordo com as autoridades, o alemão terá vivido no Algarve entre 1995 e 2007, sendo que registos telefónicos colocam-no na área da Praia da Luz no dia em que a criança desapareceu.
Em outubro do ano passado foi também ilibado de vários ataques sexuais que aconteceram no Algarve, entre 2000 e 2017. A defesa alegou que Brückner estava apenas a ser julgado pela ligação ao caso de Madeleine, argumento com o qual o tribunal de Braunschweig concordou.
A notícia da doação anónima surgiu pouco mais de uma semana depois de as autoridades terem feito buscas em Lagos, no Algarve, perto da antiga casa do alemão e do local onde a menina desapareceu.
Durante essas buscas foram analisadas mais de 20 parcelas de terreno na zona leste da Praia da Luz, perto da casa de campo onde o suspeito, Christian Brückner, vivia e perto do local onde Madeleine desapareceu. Foi utilizado equipamento de radar capaz de efetuar uma varredura por baixo do solo. O jornal alemão Bild apontou também que em causa estava a busca de vestígios do corpo da criança.
Na semana passada, o Ministério Público alemão comunicou que as buscas foram "concluídas conforme planeado" e, para já, não tem resultados para apresentar.
No final dessa nota, o Ministério Público alemão agradece a "todos os agentes policiais envolvidos nas buscas" e acrescenta que a "cooperação entre a polícia portuguesa e o Departamento Federal de Investigação Criminal (BKA) foi excelente e muito construtiva".
Recorde-se que Madeleine McCann desapareceu a 3 de maio de 2007, poucos dias antes de fazer quatro anos, do quarto onde dormia com os irmãos gémeos, num apartamento de um aldeamento turístico, na Praia da Luz.
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