Em declarações à agência Lusa, Helena Carreiras explicou que esta iniciativa, que integra 10 países do Mediterrâneo Ocidental, tem como objetivo ser "um espaço de diálogo, um espaço de partilha, de construção de conhecimento e que se desenvolve a vários níveis: ao nível político, ministerial, diretores de política, mas também ao nível operacional entre as Forças Armadas dos dez países e também na dimensão académica, na construção de conhecimento em conjunto".

A iniciativa, que tem um cariz informal e uma natureza não vinculativa, concretiza-se na prática em "mais de meia centena de atividades planeadas anualmente" sobre temas variados tais como a segurança marítima, defesa aérea, a participação das Forças Armadas em apoio a ações de Proteção Civil, ciberdefesa, entre outros.

Anualmente são realizadas duas reuniões do Comité Diretor da iniciativa em março e novembro, uma reunião de Chefes do Estado-Maior-General das Forças Armadas destes países em outubro e uma ministerial de Defesa em dezembro no país que assume a presidência.

Na reunião desta sexta-feira será feito o balanço da presidência marroquina e passado o testemunho a Portugal.

"Há já um conjunto de atividades propostas pelos vários países, muitas delas vão incidir sobre estes temas que nos preocupam da segurança marítima, da cibersegurança, da escassez de recursos, são temas recorrentes e que estarão também presentes nas iniciativas do próximo ano", detalhou Helena Carreiras, que afirmou que outro tema importante será o do combate ao terrorismo.

As atividades, algumas que terão lugar em Portugal, explicou, passam por fóruns e debates, mas também por exercícios militares ou formação académica.

"O Instituto de Defesa Nacional (IDN) e o Instituto Universitário Militar (IUM) estão envolvidos, as nossas instituições académicas, em organizar ou co-organizar cursos para vários níveis, civis e militares, sobre os temas que forem escolhidos coletivamente pelos vários países. Há também depois os exercícios militares, exercícios concretos que vão sendo feitos ao nível dos vários ramos e do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA)", especificou.

Helena Carreiras sublinhou que este é um fórum "que tem a enorme vantagem de criar o espaço do interconhecimento, da confiança, para construir futuras relações ou futuros acordos que podem ser bilaterais e terem lugar posteriormente".

"Mas este é um quadro multilateral e em que o trabalho desenvolvido é de facto de âmbito multilateral, não tanto em termos de assinatura de acordos, que pode ter e tem lugar depois, tendo sido criadas estas condições de proximidade e de confiança", frisou a ministra.

Participam na "Iniciativa 5+5 Defesa" a Argélia, França, Itália, Líbia, Malta, Mauritânia, Marrocos, Portugal, Espanha e Tunísia.

O "Diálogo 5+5", onde se insere esta iniciativa, foi criado em 1983 e entrou em atividade desde julho de 1990. Inicialmente, de acordo com informações divulgadas pelo Ministério da Defesa, "tinha como objetivo promover a cooperação entre os países do Mediterrâneo Ocidental numa clara tentativa de edificação de capacidades a sul visando a criação de uma zona de paz e de cooperação, sem qualquer dimensão de Defesa ou militar".

No entanto, em 2004, a França propôs a criação de uma iniciativa de cooperação no âmbito da Defesa e em 21 de dezembro desse ano, em Paris, teve lugar a primeira reunião dos ministros da Defesa dos países da iniciativa.

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