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Processo legislativo sobre transparência desagradou ao Opus Dei

O Opus Dei não gostou de ver a forma como decorreu o processo de aprovação pelo parlamento da obrigatoriedade de políticos e titulares de altos cargos públicos declararem pertença a associações desportivas, políticas e de caráter dito "secreto".

Processo legislativo sobre transparência desagradou ao Opus Dei
Notícias ao Minuto

08:30 - 26/10/21 por Lusa

País Opus Dei

O vigário regional do Opus Dei, monsenhor José Rafael Espírito Santo, diz mesmo, em entrevista por escrito à agência Lusa, que "não foi muito animador" ver "vários políticos referirem o Opus Dei sem terem previamente tido o cuidado de se informar" com os responsáveis pela instituição "ou com quem pudesse dar informações credíveis sobre qual a natureza, finalidade e missão" da mesma.

O Opus Dei, a par da Maçonaria, esteve sob holofotes durante alguns meses, e segundo o sacerdote, foi a sua instituição que tomou "a iniciativa de contactar os vários grupos parlamentares, e foi possível dialogar com vários deles de forma cordial", dando a sua visão sobre a questão.

"Estamos em total sintonia com todos os que pensam que é mesmo crucial que o poder político seja exercido para o bem comum e com exigências de transparência. Porém, nos debates e na exposição de motivos da proposta inicial, assumiram-se sobre o Opus Dei alguns pressupostos que eram insinuações graves", diz o vigário.

Segundo o responsável pela Prelatura em Portugal, "os cristãos do Opus Dei têm uma consciência reforçada da sua liberdade plena de atuação política e profissional, do dever grave -- perante Deus -- de respeitar as leis e as regras deontológicas, e da exclusão de qualquer dever de segredo quanto à sua pertença ao Opus Dei e aos conteúdos formativos próprios da ação pastoral da Prelatura".

O Opus Dei "quer ter o mesmo tratamento e regime que qualquer instituição católica", sublinha José Rafael Espírito Santo, que recorda que "os estatutos que a Santa Sé deu ao Opus Dei excluem expressamente qualquer tipo de secretismo".

"Feita esta clarificação sobre o Opus Dei, alertámos também para uma questão mais importante: estaria salvaguardada a liberdade religiosa que a nossa Constituição claramente protege? Essa já não era uma questão somente pertinente ao Opus Dei, mas a todo e qualquer cidadão crente, qualquer que seja a sua religião", acrescenta, assinalando que o parecer emitido pela Comissão da Liberdade Religiosa "é um texto clarividente, de leitura obrigatória para se entender o que está em causa".

Outra polémica, que a espaços é abordada publicamente, prende-se com os privilégios materiais de algumas figuras públicas pertencentes ao Opus Dei, que chegam a litigar para não perder esses benefícios e que contrariam o apelo ao desprendimento dos bens materiais e a viver com sobriedade que o "Caminho", obra do fundador do Opus Dei, São Josemaria Escrivá, faz no seu número 631.

Confrontado com esta contradição, o padre José Rafael diz compreender a "perplexidade".

"Não referirei situações e atuações pessoais, vou apontar algumas ideias importantes. Efetivamente, o cristianismo recorda que não se pode servir a Deus e às riquezas. Além disso, o desprendimento pessoal e a relação austera com os bens predispõem à partilha com os outros e são um fator indispensável para tornar realista e duradouro o combate à pobreza em que, infelizmente, vivem tantos milhões de pessoas", afirma.

Segundo o vigário regional do Opus Dei, "não é fácil fazer juízos certeiros de fora", mas de uma coisa está convicto: "No Opus Dei não faltam pessoas em situação de pobreza, sobretudo neste tempo de pós-pandemia, e muitas outras que, por iniciativa própria, fazem uma ação social notável em projetos próprios ou em projetos já existentes, sejam ou não da Igreja".

JLG // HB

Lusa/Fim

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