O ex-primeiro-ministro, José Sócrates, já chegou ao Campus da Justiça, em Lisboa, na manhã desta quarta-feira. "Parece que hoje o Ministério Público (MP) vai falar. Talvez pela primeira vez em 12 anos possa apresentar uma prova, que seja, daquilo que afirma", começou por atirar.
Questionado sobre a tensão com a juíza Susana Seca, tendo esta avisado várias vezes o ex-primeiro-ministro para moderar o tom de voz durante a sessão de ontem, Sócrates referiu que "não compreende". "Não compreendo que fique incomodada por eu em tribunal mostrar todas as provas da falsidade do que o MP afirma, porque isso não deve incomodar o tribunal", disse, acrescentando: "provei que todas as acusações eram falsas".
Sobre se moderará o tom, garantiu que fará "o melhor para garantir que as sessões decorrerem com tranquilidade". "Não quero prejudicar o entendimento do tribunal. Tenho vontade que o tribunal seja completamente esclarecido", afirmou.
O antigo primeiro-ministro assumiu ainda: "Ontem acho que tivemos uma sessão muito esclarecedora".
Este é o segundo dia consecutivo em que José Sócrates vai prestar declarações e a terceira sessão do julgamento da Operação Marquês.
Greve dos procuradores do Ministério Público
A terceira sessão do julgamento da Operação Marquês coincide hoje com o início da greve dos magistrados do Ministério Público. Segundo o jornal Expresso, que cita uma fonte do sindicato e uma fonte judicial, a equipa dos três procuradores que estão em exclusivo no julgamento da Operação Marquês (Rómulo Mateus, Nadine Xarope e Rui Real) já garantiu que o prosseguimento do julgamento "está assegurado". Ou seja, mesmo que algum dos procuradores faça greve, haverá pelo menos um representante do MP na sala de audiências.
Os procuradores cumprem hoje o primeiro de dois dias de greve nacional contra o concurso anual dos magistrados do Ministério Público, que consideram ser o "último prego" na sua especialização de funções.
Em causa está o aviso de abertura do movimento de magistrados do Ministério Público, publicado em 04 de junho em Diário da República, que inclui lugares a ocupar pelos procuradores, a partir de setembro, em vários departamentos e tribunais em simultâneo.
Julgamento da Operação Marquês
Onze anos após a detenção de José Sócrates no aeroporto de Lisboa, arrancou na passada quinta-feira o julgamento da Operação Marquês, que leva a tribunal o ex-primeiro-ministro e mais 20 arguidos e conta com mais de 650 testemunhas.
Estão em causa 117 crimes, incluindo corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal, pelos quais serão julgados os 21 arguidos neste processo. Para já, estão marcadas 53 sessões que se estendem até ao final deste ano, devendo no futuro ser feita a marcação das seguintes e, durante este julgamento serão ouvidas 225 testemunhas chamadas pelo Ministério Público e cerca de 20 chamadas pela defesa de cada um dos 21 arguidos.
[Notícia em atualização]
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