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"Não faço planos. Aprendi a não fazer e a viver um dia de cada vez"

Marlene Simão, a mãe do 'bebé sem rosto', recebe do Estado a "bonificação por deficiência, do Rodrigo, de 61 euros" e "110 euros de apoio à terceira pessoa".

"Não faço planos. Aprendi a não fazer e a viver um dia de cada vez"
Notícias ao Minuto

22:28 - 13/10/21 por Notícias ao Minuto

País Bebé sem rosto

Marlene Simão, a mãe de Rodrigo, o 'bebé sem rosto', falou pela primeira vez a uma televisão após o nascimento do menino, a quem deram apenas horas de vida e, contra todas as expectativas, completou dois anos no passado dia 7 de outubro. À SIC, a jovem garante: "Não faço planos. Aprendi a não fazer planos e a viver um dia de cada vez"

A gravidez foi tranquila e Artur Carvalho, o médico que fez as ecografias, nunca falou em anomalias. No momento do parto, revela, "estavam só a parteira e duas enfermeiras para segurarem no Rodrigo e limparem, aquele procedimento normal, e o David [o pai do menino]" no quarto. 

Foi quando o bebé nasceu que se percebeu que algo não estava bem. "Elas metem o Rodrigo em cima de mim e aí é que eu me apercebi. Eu e toda a gente que estava na sala", conta Marlene.

Num primeiro momento, a mãe apenas se apercebeu que o filho não tinha nariz e o seu companheiro, o pai de Rodrigo, desvalorizou: "'Não, Marlene, isso é do parto'. Os bebés quando nascem têm a cara toda achatada, ou assim". Mas a jovem sabia que não e, ao olhar para as enfermeiras, viu que tinha razão. "Quando vi a cara delas de pânico também é que tive a noção de que alguma coisa estava mal", vincou ao canal. 

Depois do nascimento, o menino ficou um mês internado no Hospital de Setúbal. Marlene Simão explica que a família fez "uma adaptação". "Passávamos o fim de semana em casa e voltávamos para passar lá a semana. Para nos adaptarmos a ele, aos poucos". 

A unidade hospitalar disse a Marlene e David que teriam de começar a pensar na alta de Rodrigo e na aproximação do momento de o levarem para casa, mas sempre deixando-os "à vontade". "Quando vocês se sentirem confortáveis é que saem com o vosso filho. Não vamos estar a querer acelerar o processo. Quando disserem que estão preparados vão com ele", destaca a progenitora. 

Questionada sobre que ajudas tem do Estado, a mãe conta que recebe "a bonificação por deficiência, do Rodrigo, de 61 euros. E recebo 110 euros de apoio à terceira pessoa". Desde que o menino está em casa, Marlene deixou de trabalhar. 

A família diz não saber o que faria caso o obstetra lhes tivesse dito que o menino ia nascer com anomalias, mas Marlene queria apenas "o direito de escolha". "Fosse qual fosse a nossa decisão, se fosse avançar com a gravidez, estávamos preparados psicologicamente, a equipa estava preparada, havia todo um conjunto de médicos preparados para assistir o Rodrigo e assim não, nada estava preparado". "Tínhamos o direito de saber"

A História de um Guerreiro

Rodrigo nasceu a 7 de outubro de 2019 no Hospital de São Bernardo, do Centro Hospitalar de Setúbal, com várias malformações graves, sem que o médico Artur Carvalho, que realizou as ecografias de acompanhamento da gravidez, tivesse detetado ou sinalizado aos pais qualquer problema. Só num exame feito noutra clínica, uma ecografia 5D, os pais foram avisados para a possibilidade de haver malformações.

O assunto levantou, na altura, uma enorme polémica a nível nacional, com o obstetra que fez as ecografias numa unidade privada, a Ecosado, a ter mais de uma dezena de queixas em averiguação na Ordem dos Médicos. Os exames, recorde-se, foram realizados através de credenciais passadas pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas a clínica não tinha qualquer convenção com o Estado. O Ministério Público abriu um inquérito crime.

Caso arquivado por falta de provas

No mesmo mês do nascimento de Rodrigo, no dia 18, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, anunciou que iria apresentar queixa ao Conselho Disciplinar Regional do Sul sobre este caso e "solicitar com urgência a abertura de um processo". Quatro dias depois, a 22, o obstetra comunicou ao bastonário que decidiu suspender a realização de ecografias na gravidez até à conclusão dos processos em análise no Conselho Disciplinar do Sul, que, nesse dia, determinou a suspensão preventiva do clínico por um período de seis meses.

Artur Carvalho foi ainda punido com a pena máxima prevista nos Estatutos da Ordem dos Médicos, ou seja, a expulsão, mas o advogado do médico disse que iria recorrer da proposta". Em 22 de julho deste ano, a ministra da Saúde, Marta Temido, revelou que o clínico se tinha aposentado no início desse mês

O caso de Rodrigo acabou arquivado, avançou a CMTV no passado mês de maio. O Ministério Público alegou não haver provas de que o médico Artur Carvalho tenha praticado um crime.

Leia Também: História de um guerreiro. Rodrigo, o 'bebé sem rosto', faz hoje dois anos

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