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Coimbra Martins. Gulbenkian lamenta morte de antigo diretor de delegação

A Fundação Calouste Gulbenkian lamentou hoje a morte de António Coimbra Martins, escritor e diplomata que foi diretor da delegação da instituição em França, entre 1997 e 1998, estando associado ao Centro Cultural Português, desde a sua criação em 1965.

Coimbra Martins. Gulbenkian lamenta morte de antigo diretor de delegação
Notícias ao Minuto

12:12 - 20/05/21 por Lusa

País Óbito

António Coimbra Martins, antigo ministro da Cultura, ex-embaixador de Portugal em Paris, morreu na capital francesa, aos 94 anos, como anunciou na quarta-feira o Partido Socialista, de que foi um dos fundadores.

Nascido em Lisboa, em janeiro de 1927, a vida académica e profissional de António Coimbra Martins foi marcada, na política, pela adesão à Ação Socialista Portuguesa, em 1964, e à criação do Partido Socialista, em 1973, e, em simultâneo, ao seu conhecimento da cultura e literatura portuguesa e de expressão francesa.

Na nota de pesar enviada à agência Lusa, o conselho de administração da Gulbenkian recorda que Coimbra Martins colaborou com a fundação desde 1962, data em que o seu presidente José de Azeredo Perdigão o convidou para, com o professor catedrático Luís de Matos, "refletir sobre o conteúdo de uma biblioteca de referência de língua e cultura portuguesas para o Centro Cultural Português", em Paris.

A Gulbenkian lembra ainda, que depois de inaugurado o centro, em 1965, foi António Coimbra Martins que organizou e enriqueceu a Biblioteca, tornando-se seu diretor, que acumulou com as funções de subdiretor.

"A riqueza da Biblioteca da delegação em França, hoje em dia uma das principais coleções de língua portuguesa fora de Portugal, na Europa, muito lhe deve. Coimbra Martins deixa uma obra escrita de referência sobre literatura portuguesa", salienta ainda o conselho de administração da Fundação Calouste Gulbenkian.

Formado em Filologia Românica pela Faculdade de Letras Universidade de Lisboa, especialista em literatura portuguesa e francesa, tradutor de Jean-Paul Sartre, foi professor e leitor de português em várias universidades francesas como as de Montpellier, Aix, Marselha e Paris. Por ocasião do 25 de Abril era encarregado de conferências da École Pratique des Hautes Études de Paris, e mestre-assistente associado da Sorbonne.

Em Portugal, foi lecionou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde regeu a cadeira de Literatura Francesa.

Entre os seus trabalhos destacam-se os "Ensaios Queirosianos" (1967) e "De Castilho a Pessoa: Achegas para Uma Poética Histórica Portuguesa" (1969), a par de investigações de caráter histórico como as reunidas em "Correia, Castanheda e as Diferenças da Índia" (1983) e "Em Torno de Diogo do Couto" (1985).

Na década de 1980, reuniu ainda "críticas, sátiras, discursos e depoimentos", em "Esperanças de Abril".

É o tradutor das obras de Jean-Paul Sartre ainda publicadas em Portugal na década de 1960 ("A Náusea", "As Mãos Sujas", "Os Sequestrados de Altona") e de outros títulos que a censura proibiu, como "Sem Saída", do pioneiro do Existencialismo, e "Jean de la lune", do dramaturgo francês Marcel Achard.

Depois de aposentado, continuou o seu trabalho de investigação, frequentando regularmente a Biblioteca e participando nas atividades da delegação da Fundação, em França, sublinha também a nota de pesar da Gulbenkian.

Em 1974 foi designado responsável pelos trabalhos da delegação portuguesa encarregada de preparar a reinserção de Portugal na organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

No mesmo ano, foi nomeado embaixador de Portugal em Paris e a sua atuação, no âmbito da diplomacia, salientou-se particularmente nas negociações decisivas que envolveram o processo de integração portuguesa na Europa, na abertura das relações diplomáticas com a China e no início de uma política inovadora em relação à emigração portuguesa em França, onde seria eleito deputado da Emigração/Europa pelo PS, em 1983.

António Coimbra Martins foi titular do Ministério da Cultura no IX Governo Constitucional em Portugal e deputado por Vila Real, em 1985.

Foi ainda deputado europeu, de 1986 a 1994, e fez parte do Grupo Socialista no Parlamento Europeu.

Leia Também: Marcelo destaca papel político-diplomático de Coimbra Martins

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