"Acho que não faz sentido nós estarmos a apanhar quantidades de peixe como estamos a apanhar, que vamos deixar de poder pescar dentro de uma semana, duas semanas no máximo, [...] estando o peixe em grandes abundâncias no mar dos Açores, para o ter vendido a um euro e tal [o quilo]", lamentou o armador, em declarações aos jornalistas, na Horta, na ilha do Faial.
Jorge Gonçalves, que é também presidente da Federação de Pescas dos Açores, salientou ainda que, a este ritmo de capturas e de descargas em lota, os pescadores e armadores da pesca do atum poderão acabar por colocar em causa a sustentabilidade e a rentabilidade do setor.
"Eu não digo desbaratar, mas está-se a ter trabalho, está-se a retirar um recurso e não se está a tirar o dividendo que se pode tirar desse recurso, e isso é que nos deve fazer pensar muito, sobre o que é que estamos a fazer e o que é que pretendemos fazer no futuro", advertiu o representante da CPA.
Na semana passada, o Governo Regional dos Açores, através da Secretaria do Mar e das Pescas, publicou uma portaria a restringir, de novo, a quantidade de atum-patudo que cada embarcação pode capturar em águas açorianas, alegando que a quota já estará prestes a ser esgotada.
"Atingidos os 75% de utilização da quota desta espécie, atribuída às Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, importa proceder à revisão dos limites fixados, conforme disposto no n.º 7 do artigo 3.º da Portaria n.º 20/2024, de 26 de abril", é referido na portaria, publicada no dia 03, que determina novos limites à captura, manutenção a bordo, transbordo e desembarque de exemplares do atum-patudo no arquipélago.
Contudo, Jorge Gonçalves alertou que os limites máximos de captura agora impostos pela região podem não estar a ser respeitados por alguns armadores e mestres de embarcações, deixando um apelo às autoridades regionais.
"Apelamos aqui à Lotaçor e à Inspeção Regional [das Pescas], para que verifiquem, de facto, esses dados, através dos diários de pesca eletrónicos, e que se houver necessidade de atuar, que atuem, para fazer cumprir a lei, para benefício de toda a gente e não só de alguns", insistiu o armador.
Segundo explicou, neste momento os barcos de pesca que se dedicam à captura de atum-patudo nos mares dos Açores estão a "inundar" o mercado com uma espécie que está a ser pouco valorizada e vendida a baixo preço, devido à sua abundância nos mares da região.
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