Franceane nunca tinha cosido um botão mas agora é empresária da costura
Franceane é brasileira e nunca tinha cosido um botão até chegar a Portugal, onde criou uma empresa que vende artigos para bebé personalizados, sendo uma das centenas de imigrantes empreendedoras que recebeu formação do Alto Comissariado para as Migrações.
© iStock
País Costura
Em Portugal desde 2016, esta brasileira de 33 anos sempre gostou de desafios, mas foi durante a gravidez do seu filho, quando procurava um berço colorido, como é comum encontrar no Brasil, que se apercebeu desta oportunidade de negócio.
"Aqui [em Portugal] há muitos berços, mas sempre entre o rosa e o azul, o branco ou o cinzento. No Brasil são muito coloridos, dá para jogar com várias cores e formatos e até se vendem em conjuntos", disse.
Durante a procura do berço perfeito para o filho encontrou uma empresa polaca que vendia online este tipo de artigo, o qual acabou por encomendar. Mais tarde, tornou-se revendedora destes produtos, encontrando clientes sobretudo junto das brasileiras a viver em Portugal.
Mas havia sempre um pedido extra, uma vez que no Brasil é normal personalizar-se este material, e Franceane aproveitou o seu aniversário para pedir uma máquina de costura ao marido e enveredar pela criação.
"Eu nunca tinha pegado numa agulha, mas vi que estes artigos estavam faltando no mercado e decidi reproduzir alguns dos artigos mais comuns no Brasil, dando a possibilidade de serem personalizados com o nome do bebé ou outros motivos", contou à Lusa.
Criou a empresa 'YouNeedIt', promoveu os artigos numa página na rede social Facebook, depois criou um site, um blogue e agora está a iniciar um canal no Youtube com outras mulheres, sobretudo ligadas à maternidade.
Pelo caminho, sentiu a necessidade de saber alguma coisa mais sobre organização e marketing e por isso aceitou a sugestão de um amigo de frequentar um curso de 'Apoio à Criação de Negócios', promovido pelo ACM.
"O curso ajudou-me a organizar as ideias e a empresa. Havia muita coisa que eu sabia que precisava, mas não sabia como fazer, como pesquisa de mercado, gestão de stocks", disse.
Franceane não quer ter "apenas mais uma loja" e acredita que graças à formação do ACM conseguiu um projeto maior, que agora ainda poderá crescer mais através do youtube.
Quase a completar um ano, o seu negócio até aumentou durante o confinamento devido à pandemia da covid-19. Nas férias, a procura diminuiu, mas serão os próximos meses os decisivos para saber se apostou no caminho certo.
Junto dela, encontrou muitos brasileiros que, na sua opinião, representam "para aí uns 95%" dos alunos destes cursos do ACM.
Franceane tem uma explicação para esta forte procura brasileira, além do facto de ser a maior comunidade imigrante em Portugal: "Nós estamos habituados a certas coisas que não encontramos quando chegamos cá e então vemos nisso uma oportunidade de negócio".
Será essa uma das explicações para a forte aposta dos negócios online que são concretizados por muitos dos frequentadores dos cursos do ACM, tendo em conta que estes são muito comuns no Brasil.
"No Brasil, tudo o que precisamos mandamos vir pela net. Está tudo online. Aqui ainda não é bem assim e já há muitos brasileiros a fazerem este tipo de negócios em Portugal, porque se habituaram a contar com eles no Brasil", disse.
Dados do ACM a que a Lusa teve acesso indicam que, entre janeiro e agosto deste ano, e mesmo após o aparecimento da pandemia, foram criados 22 novos negócios e atividades com o apoio e o acompanhamento deste organismo.
A maior parte destes projetos foram lançados por mulheres (13), seis por homens e três por ambos.
A esmagadora maioria dos empreendedores é composta por brasileiros, existindo ainda angolanos, sírios e luso venezuelanos.
Por área de negócio, estes empreendedores imigrantes apostaram nas atividades comerciais online (seis), restauração e bebidas (cinco), marketing digital (quatro), pequenas unidades industriais (três), serviços empresariais (dois), saúde e beleza (um) e serviços de transporte (um).
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