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Franceane nunca tinha cosido um botão mas agora é empresária da costura

Franceane é brasileira e nunca tinha cosido um botão até chegar a Portugal, onde criou uma empresa que vende artigos para bebé personalizados, sendo uma das centenas de imigrantes empreendedoras que recebeu formação do Alto Comissariado para as Migrações.

Franceane nunca tinha cosido um botão mas agora é empresária da costura
Notícias ao Minuto

11:35 - 27/09/20 por Lusa

País Costura

Em Portugal desde 2016, esta brasileira de 33 anos sempre gostou de desafios, mas foi durante a gravidez do seu filho, quando procurava um berço colorido, como é comum encontrar no Brasil, que se apercebeu desta oportunidade de negócio.

"Aqui [em Portugal] há muitos berços, mas sempre entre o rosa e o azul, o branco ou o cinzento. No Brasil são muito coloridos, dá para jogar com várias cores e formatos e até se vendem em conjuntos", disse.

Durante a procura do berço perfeito para o filho encontrou uma empresa polaca que vendia online este tipo de artigo, o qual acabou por encomendar. Mais tarde, tornou-se revendedora destes produtos, encontrando clientes sobretudo junto das brasileiras a viver em Portugal.

Mas havia sempre um pedido extra, uma vez que no Brasil é normal personalizar-se este material, e Franceane aproveitou o seu aniversário para pedir uma máquina de costura ao marido e enveredar pela criação.

"Eu nunca tinha pegado numa agulha, mas vi que estes artigos estavam faltando no mercado e decidi reproduzir alguns dos artigos mais comuns no Brasil, dando a possibilidade de serem personalizados com o nome do bebé ou outros motivos", contou à Lusa.

Criou a empresa 'YouNeedIt', promoveu os artigos numa página na rede social Facebook, depois criou um site, um blogue e agora está a iniciar um canal no Youtube com outras mulheres, sobretudo ligadas à maternidade.

Pelo caminho, sentiu a necessidade de saber alguma coisa mais sobre organização e marketing e por isso aceitou a sugestão de um amigo de frequentar um curso de 'Apoio à Criação de Negócios', promovido pelo ACM.

"O curso ajudou-me a organizar as ideias e a empresa. Havia muita coisa que eu sabia que precisava, mas não sabia como fazer, como pesquisa de mercado, gestão de stocks", disse.

Franceane não quer ter "apenas mais uma loja" e acredita que graças à formação do ACM conseguiu um projeto maior, que agora ainda poderá crescer mais através do youtube.

Quase a completar um ano, o seu negócio até aumentou durante o confinamento devido à pandemia da covid-19. Nas férias, a procura diminuiu, mas serão os próximos meses os decisivos para saber se apostou no caminho certo.

Junto dela, encontrou muitos brasileiros que, na sua opinião, representam "para aí uns 95%" dos alunos destes cursos do ACM.

Franceane tem uma explicação para esta forte procura brasileira, além do facto de ser a maior comunidade imigrante em Portugal: "Nós estamos habituados a certas coisas que não encontramos quando chegamos cá e então vemos nisso uma oportunidade de negócio".

Será essa uma das explicações para a forte aposta dos negócios online que são concretizados por muitos dos frequentadores dos cursos do ACM, tendo em conta que estes são muito comuns no Brasil.

"No Brasil, tudo o que precisamos mandamos vir pela net. Está tudo online. Aqui ainda não é bem assim e já há muitos brasileiros a fazerem este tipo de negócios em Portugal, porque se habituaram a contar com eles no Brasil", disse.

Dados do ACM a que a Lusa teve acesso indicam que, entre janeiro e agosto deste ano, e mesmo após o aparecimento da pandemia, foram criados 22 novos negócios e atividades com o apoio e o acompanhamento deste organismo.

A maior parte destes projetos foram lançados por mulheres (13), seis por homens e três por ambos.

A esmagadora maioria dos empreendedores é composta por brasileiros, existindo ainda angolanos, sírios e luso venezuelanos.

Por área de negócio, estes empreendedores imigrantes apostaram nas atividades comerciais online (seis), restauração e bebidas (cinco), marketing digital (quatro), pequenas unidades industriais (três), serviços empresariais (dois), saúde e beleza (um) e serviços de transporte (um).

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