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Testemunha diz que Abdessalam Tazi é terrorista e que recrutou irmão

O irmão de um jovem detido em França por terrorismo disse hoje em tribunal em Lisboa que Abdessalam Tazi é um terrorista que convenceu o seu familiar a juntar-se ao Estado Islâmico e a ir lutar para a Síria.

Testemunha diz que Abdessalam Tazi é terrorista e que recrutou irmão
Notícias ao Minuto

19:11 - 11/04/19 por Lusa

País Lisboa

Em mais uma sessão do julgamento, no Tribunal Central Criminal de Lisboa, de Abdessalam Tazi, cidadão marroquino acusado de pertencer ao grupo extremista Estado Islâmico (EI) e de recrutar operacionais em Portugal, oferecendo um pagamento de 1.500 euros mensais, Amine El Hanafi, irmão de Hicham El Hanafi, prestou declarações na ausência do arguido por "temer represálias".

A testemunha contou que em 2015, cerca de ano e meio após o irmão e o arguido chegarem a Portugal, provenientes de Marrocos, não reconheceu o irmão quando o reencontrou no Centro de Acolhimento para Refugiados, na Bobadela, concelho de Loures, acreditando que foi Tazi quem "formatou a cabeça" do irmão que, entretanto, já tinha estado dois meses a treinar na Síria.

Nas conversas que manteve com Hicham, quer na Bobadela quer em Aveiro, cidade para onde o arguido e Hicham El Hanafi foram colocados, na sequência do pedido de asilo, ficou claro para Amine que foi Tazi "quem fez a cabeça" ao irmão, que considerava o arguido "como um pai", e quem o convenceu a vir para a Europa, através da "porta de entrada" que era Portugal.

A testemunha, hoje com 30 anos e a residir em Portugal, contou que na visita que fez a Aveiro o irmão só lhe falava em 'Jihad' [guerra santa] e na suposta "vida boa e dinheiro" que estava à sua espera na Síria, país no qual esteve dois meses a treinar e onde usou armas, de acordo com os relatos que o irmão lhe fez.

Outro dos comportamentos diferentes que notou no irmão [detido em França desde 20 de novembro de 2016 por envolvimento na preparação de um atentado terrorista] foi o facto de ele rezar todos os dias [cinco vezes por dia], quando em Marrocos só cumpria o Ramadão e tinha uma vida "normal, com namoradas e álcool ao fim de semana".

Amine revelou que tanto o irmão como o arguido tentaram convencê-lo a ir para a Síria, com a promessa de trabalho e de um ordenado mínimo de 1.900 euros, mas que nunca aceitou, pois sabia o que se passava naquele país com o EI.

A testemunha afirmou ainda que o irmão lhe disse que, após os dois meses que passou na Síria, lhe pediram que regressasse à Europa, pois falava mais do que uma língua, para convencer outras pessoas a irem para aquele país, regressando um ano depois.

O jovem contou que foi Abdessalam Tazi quem organizou a ida da sua família para a Síria, país no qual diz ter a sua mãe, com quem referiu falar regularmente através de telemóvel, e quatro irmãs, três delas menores, e uma com 19 anos, mãe de uma criança.

Para Amine, o arguido "destruiu a sua e muitas outras vidas e famílias", considerando-o "um terrorista e uma pessoa perigosa" que, segundo o jovem, lhe fez uma ameaça velada quando visitou Aveiro, para que este não revelasse nada às autoridades.

Contudo, foi o jovem que, após a ida a Aveiro, e assim que chegou à Bobadela, relatou as conversas e o que viu na casa onde morava o irmão e o arguido, e que originou a investigação deste caso.

Segundo a acusação do MP, Abdessalam Tazi deslocou-se várias vezes ao Centro de Acolhimento para Refugiados, no concelho de Loures, para recrutar operacionais para o EI, prometendo-lhes mensalmente 1.800 dólares norte-americanos (cerca de 1.500 euros).

Abdessalam Tazi fez-se sempre acompanhar por Hicham El Hanafi, que havia radicalizado e recrutado em Marrocos antes de ambos viajarem para a Europa. O MP diz que o processo de refugiado, os apoios e a colocação em Portugal deste suspeito foram idênticos aos do arguido, tendo ambos ficado a viver juntos no distrito de Aveiro.

O MP conta que Abdessalam Tazi "passou a visitar regularmente" o Centro de Acolhimento para Refugiados (CAR) "para dar apoio às pessoas em relação às quais organizara a sua vinda para Portugal e outros migrantes jovens que pudessem ser radicalizados e recrutados para aderirem ao 'Daesh'" (acrónimo árabe do grupo extremista Estado Islâmico), procurando convencê-las de "que teriam uma vida melhor se aderissem ao 'Daesh' e fossem viver para a Síria".

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