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Madrid tenta voltar à normalidade depois de morte de vendedor ambulante

O bairro popular de Lavapiés, no centro de Madrid, está a tentar voltar à normalidade depois da morte de um emigrante senegalês e dos distúrbios que se seguiram durante a madrugada de hoje e que terminaram com seis detidos e dez polícias feridos.

Madrid tenta voltar à normalidade depois de morte de vendedor ambulante
Notícias ao Minuto

13:59 - 16/03/18 por Lusa

Mundo Espanha

Várias dezenas de pessoas concentraram-se durante a amanhã de hoje na praça Nelson Mandela, perto do local onde Mmame Mbage morreu com uma paragem cardíaca, e houve momentos de grande tensão quando um carro da polícia circulou na zona e os presentes gritaram "assassinos" e lançaram uma pedra da calçada.

Mais tarde, já perto da hora do almoço, os senegaleses concentrados nesse local tentaram agredir o cônsul do seu país em Madrid, que teve de se refugiar num café antes de ser regatado pela polícia, tendo as forças de ordem disparado balas de borracha para dispersar os presentes.

A Associação dos Imigrantes Senegaleses em Espanha (AISE) negou esta manhã que cidadãos daquele país africano tenham participado nos distúrbios ocorridos de madrugada.

"Não são eles os que estão a roubar nem estão a provocar ninguém; meteram-se na manifestação de ontem grupos de ultras, e fizemos todo o possível para o evitar, mas quando há distúrbios e problemas há muitas coisas que não se podem evitar", disse esta manhã um responsável da AISE aos jornalistas presentes no local.

A organização não-governamental SOS Racismo exigiu, por seu lado, a realização de uma "investigação exaustiva e detalhada com todos os mecanismos possíveis" para esclarecer as causas da morte de Mmame Mbage.

A polícia municipal assegurou, num auto de ocorrência a que a agência Efe teve acesso, que o senegalês não fugia de qualquer controlo policial quando sofreu a paragem cardíaca, avançando que uma operação contra os vendedores de roupa ilegais tinha tido lugar antes, mas num outro local do centro, na Porta do Sol.

Esta versão contrasta com a dos populares e senegaleses presentes na praça Nelson Mandela, que repudiam a "violência policial" e garantem que Mmame Mbage foi perseguido pela polícia municipal de Madrid em motorizadas.

Entretanto, o diretor-geral da polícia espanhola, Germán López Iglesias, admitiu esta manhã que alguns radicais "podiam ter-se aproveitado" do sucedido para lançar a confusão.

"Foi certamente uma coisa fortuita, mas a partir daí a situação assume outras proporções e há pessoas que se aproveitam disso para radicalizar de alguma forma e dizer o que pensam através desses factos desagradáveis", realçou López Iglesias.

Por seu lado, a presidente da Comunidade de Madrid, Cristina Cifuentes, do Partido Popular (direita), lamentou o que lhe parece ser uma "morte natural", acrescentando que isso não justifica "a violência" ocorrida, que classificou como sendo uma "revolta de rua" e um vandalismo "inaceitável".

A presidente da Câmara de Madrid, Manuela Carmena, eleita pela extrema-esquerda, numa publicação na rede social Twitter, garantiu que a autarquia irá "investigar minuciosamente o que aconteceu e agir em conformidade".

"Lamento muito a morte de um cidadão em Lavapiés", escreveu.

Hoje está prevista a realização de uma concentração ao fim do dia na praça Nelson Mandela em memória de Mame Mbaye Ndiaye e contra "o racismo institucional assassino".

Seis pessoas de nacionalidade espanhola foram detidas e dez polícias ficaram feridos em protestos na quinta-feira à noite e na madrugada de sexta-feira no bairro de Lavapiés contra a morte do imigrante senegalês.

Nos protestos, os manifestantes fizeram barricadas, e incendiaram contentores e mobiliário urbano, tendo os bombeiros sido chamados a apagar chamas em dois edifícios.

De acordo com as autoridades, Mmame Mbage foi encontrado inconsciente numa rua de Lavapiés, tendo sido efetuadas manobras de reanimação, mas sem sucesso.

No entanto, vendedores de rua ouvidos pela agência AFP relataram que o senegalês foi perseguido por agentes da polícia municipal, que o perseguiam de mota, quando colapsou.

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