Catalunha: Uma "última oportunidade" ao diálogo
Os catalães defensores da independência de Espanha acordaram esta manhã convencidos de que o presidente da região "esteve bem" ao decidir "fazer um compasso de espera" para tentar, através do diálogo, dar "uma última oportunidade" ao Governo de Madrid.
© Reuters
Mundo Reportagem
"Penso que está muito bem o que [Puigdemont] fez. É prudente e sensato ao dar uma última oportunidade a Madrid para dialogar", disse à agência Lusa Marta, 51 anos, quando ia a caminho do trabalho na Praça Urquinaona, no centro de Barcelona.
Na terça-feira ao fim da tarde, o presidente do Governo regional catalão, Carles Puigdemont, em vez de declarar solenemente a ansiada independência da região no parlamento regional, disse que assumia o "mandato do povo" para que a Catalunha seja um "Estado independente", propondo a suspensão dos seus efeitos para procurar o diálogo com Madrid.
"Parece-me muito inteligente não declarar a independência para não fechar todas as portas", afirma Maria com 33 anos, acrescentando que "está aberta uma última porta de diálogo e agora é preciso que algum país europeu tente mediar" o conflito entre Espanha e a sua região mais rica, a Catalunha.
Também a caminho do trabalho, José Maria estava convencido de que Puigdemont tinha mesmo feito uma declaração de independência, "mas de forma não oficial, para não assustar e manter as possibilidades de diálogo".
"Foi o correto, aprovou a independência, mas suspendeu-a. Trata-se de dar um passo para trás para depois dar dois para a frente", disse.
"Acho que [Puigdemont] é uma pessoa valente que está a fazer o que tem de ser feito para alcançarmos a independência", defendeu Marta, uma jovem professora de 28 anos, que mesmo assim admitiu ser "tudo ainda muito imprevisível".
Todos aguardam agora a reação do Governo espanhol, que se reúne de urgência esta manhã e insiste em tratar o problema com a Catalunha como uma questão interna, sem necessidade de ajuda ou intermediação de qualquer parceiro europeu.
"A direita catalã fez aquilo que sempre faz, face a um obstáculo, interrompeu o processo" de independência, contrapôs Carlos, desiludido com o chefe do executivo regional e garantindo que iria "continuar a lutar".
O reformado Muntané, de 72 anos, pensa que agora "está tudo nas mãos de Madrid" e se os catalães "já esperaram 300 anos, podem esperar umas semanas mais, sem problema".
Ao fim do dia de terça-feira, Madrid já avançou que a declaração de Puigdemont era "inaceitável" porque era sustentada por um referendo de autodeterminação ilegal.
O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy irá ao parlamento de Madrid hoje para discutir a situação e apresentar a estratégia para as próximas semanas.
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