"Quando ele for Presidente vai acabar lado a lado com o governo, como dois cavalos com o mesmo destino que é o desenvolvimento do país", grita uma voz feminina na Roça Diogo Vaz, no norte da ilha, ao ritmo da música de campanha que inclui versos como "esse Patrício (sic) é uma lenda que que veio para mudar este lugar".

Apoiado pela Ação Democrática Independente (ADI), Evaristo Carvalho reagiu hoje às promessas do atual Presidente e recandidato Pinto da Costa, que se comprometeu em dialogar com os outros órgãos de soberania.

Em resposta, Evaristo Carvalho apresentou-se como o "candidato da estabilidade original", porque é apoiante do atual Executivo, "desde sempre".

Antes de falar o candidato, no cimo de uma carrinha de caixa aberta, com colunas que ecoavam por toda a Roça Diogo Vaz, foi a vez do secretário-geral da ADI, Levi Nazaré.

Quando Manuel Pinto da Costa "chegou lá [à Presidência da República], ele derrubou o Governo de Patrice Trovoada", depois de ter prometido, em campanha que "queria trabalhar" com o Executivo, recorda Levi Nazaré, perante grandes aplausos dos apoiantes, numa referência ao afastamento, em 2012, da ADI do poder, com uma moção de censura da oposição parlamentar.

Na ocasião, Pinto da Costa apoiou um novo primeiro-ministro, colocando a ADI na oposição.

"O povo aguentou dois anos de sofrimento, dois anos de 'troika'", e deu de novo a vitória à ADI, com maioria absoluta.

No entanto, para Levi Nazaré, não basta o poder executivo, é necessário conquistar a Presidência para garantir a manutenção do mandato.

"Dia 17, o Governo tem de mandar na urna outra vez", desafiou o secretário-geral da ADI, recebendo em resposta muitos aplausos.

Antes dos discursos, a mobilização é a do costume num país pobre em que as caravanas políticas são uma das formas de animação nos lugares mais pobres.

E a Roça Diogo Vaz não é exceção. Um grande grupo de motas anunciam o candidato e a equipa de som vai fazendo a festa até ao local do discurso, onde Evaristo Carvalho fica poucos minutos.

"Quadra! Quadra! Quadradi! Quadradi! Quadrinho 2", grita o 'rapper' improvisado, ao som do ritmo da quizomba, numa referência ao lugar de Evaristo Carvalho no boletim de voto.

"Evaristo chegou, põe o boné no ar". "Vamos dar o voto ao nosso candidato, vamos dar-lhe cinco anos de mandato".

José vive numa casa com cartazes de Maria das Neves e assiste impávido ao comício. "Eu apoio o ADI, sim", diz, sem grande convicção.

Mas depois lá responde que gosta da candidata apoiada pelo Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe-Partido Social Democrata (na oposição). "Ela é boa e é séria", responde, com um sorriso comprometido pela grande quantidade de jovens que enchem a praça central da localidade, muitos deles vindos da capital e da equipa de apoio de Evaristo Carvalho.

Já António, um menino de 12 anos, vestido com uma 't-shirt' da antiga campanha legislativa da ADI, tem menos dúvidas. "Se pudesse votar, votava no Patrício porque ele é bom para nós".

E lá em casa? "O meu pai vai votar em quem pagar. Ele gosta do Pinto (da Costa), mas tudo depende. Sabe como é?" - responde, encolhendo os ombros.

A caravana parte pouco depois em direção à cidade de Neves, onde está organizada mais uma passeata rápida, que assinala o fim de campanha do dia.