Os dois líderes partiram da Base Aérea de Elmendorf-Richardson, nos arredores de Anchorage, cerca das 16h00 locais de sexta-feira (01h00 de hoje em Lisboa), depois de uma conferência de imprensa conjunta sem direito a perguntas nem detalhes sobre o conteúdo das conversações.
No seguimento da reunião, ambos elogiaram os progressos alcançados e, segundo o Presidente norte-americano, ficaram "muito poucas questões" a resolver.
"Tivemos uma reunião extremamente produtiva e acordámos muitos pontos. Faltam apenas alguns. Alguns não são muito importantes, mas um deles é provavelmente o mais importante", disse o líder da Casa Branca, sem adiantar pormenores, apenas acrescentando: "Ainda não chegámos lá, mas temos boas hipóteses de lá chegar".
Donald Trump indicou que entrará de imediato em contacto com líderes europeus e membros da NATO, bem como com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para os pôr a par do conteúdo das conversações.
No Alasca, não saiu qualquer indicação sobre a participação do líder ucraniano numa próxima reunião, anteriormente defendida pelo Presidente norte-americano e admitida pelo Kremlin, caso houvesse progressos neste encontro.
O Presidente russo comentou, pelo seu lado, que "as conversações decorreram numa atmosfera construtiva de respeito mútuo", incluindo a parte relativa ao conflito na Ucrânia, descrevendo também as discussões como "muito aprofundadas e úteis".
Falando ao lado do homólogo norte-americano, Putin sublinhou que estão reunidas todas as condições para que os dois dirigentes ponham fim ao conflito na Ucrânia "o mais rapidamente possível" e apelou a Kiev e aos países europeus para que aceitem as conclusões da cimeira "com um espírito construtivo".
Pediu também que se abstenham de "provocações ou intrigas de bastidores" que minem os progressos alcançados.
Como uma das raras novidades da reunião, o Presidente russo disse concordar com Trump em relação a garantias de segurança exigidas por Kiev como condição para a paz.
"Estamos prontos para trabalhar nisso", observou, mais uma vez sem pormenores.
O líder do Kremlin disse que a Rússia está "sinceramente interessada em terminar" a guerra, mas esclareceu, como já fez em numerosas ocasiões, que a solução do conflito deve ser "sólida e duradoura", eliminando o que Moscovo designa como causas profundas, em alusão à neutralidade de Kiev, à sua desmilitarização e rejeição do processo de adesão à NATO.
"Vemos o desejo do Governo norte-americano e de Trump pessoalmente de contribuir para a solução do conflito ucraniano, o seu desejo de chegar ao cerne da questão e compreender as suas origens", insistiu.
Quando Trump sugeriu que esperava rever o Presidente russo "muito em breve", Putin respondeu, em inglês, "da próxima vez em Moscovo", num tom descontraído.
"Imagino que isso possa acontecer", retorquiu o líder norte-americano, à frente de um cenário azul com a inscrição "Em Busca da Paz".
Putin chegou cerca das 11h00 de sexta-feira no Alasca (20h00 em Lisboa) à Base Aérea de Elmendorf-Richardson, onde foi recebido pelo homólogo norte-americano, que bateu palmas na sua direção e com quem trocou um longo aperto de mão, e também com uma exibição aérea de aviões militares modernos dos Estados Unidos, antes de seguirem juntos na mesma limusine.
Foi o primeiro encontro dos dois presidentes desde 2018 e que marcou o regresso de Vladimir Putin aos Estados Unidos, após dez anos de ausência, bem como a um grande palco diplomático, apesar de procurado pelo Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra, e de relações suspensas entre Washington e Moscovo a partir da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Ao contrário do programado, a reunião a sós dos líderes da Rússia e Estados Unidos foi entretanto alargada aos chefes das diplomacias de Washington e Moscovo, Marco Rubio e Sergei Lavrov respetivamente, bem como ao enviado especial da Casa Branca Steve Witcoff e ao conselheiro do Kremlin Yuri Ushakov.
O grande ausente no Alasca foi o Presidente ucraniano, que não estava convidado para a cimeira e advertiu ao longo da passada semana que qualquer decisão tomada sem a participação da Ucrânia "nasce morta".
Ao mesmo tempo, exigiu um cessar-fogo, até agora recusado por Moscovo, como ponto de partida para um acordo de paz, mas na cimeira de sexta-feira não foi anunciada nenhuma trégua.
Em simultâneo com a reunião no Alasca, Zelensky alertou que, "no dia das negociações, a Rússia continua a matar como sempre, e isso diz muito", numa mensagem na rede X que elencava uma série de ataques russos.
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