Especialistas da ONU apelam para fim da Fundação Humanitária para Gaza

Os relatores especiais da ONU apelaram hoje para a dissolução imediata da Fundação Humanitária para Gaza, apoiada por Israel e pelos Estados Unidos, alegando que a ajuda que distribui é "explorada para fins militares e geopolíticos secretos".

OMS alerta para níveis alarmantes da subnutrição na Faixa de Gaza

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Lusa
05/08/2025 19:35 ‧ há 5 horas por Lusa

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Um grupo excecionalmente numeroso de especialistas mandatados pela ONU manifestou sérias preocupações em relação às atividades da Fundação Humanitária para Gaza (FHG).

 

Esta organização privada começou a distribuir alimentos na Faixa de Gaza em maio, quando Israel começou a aliviar o bloqueio à ajuda humanitária de mais de dois meses imposto ao território palestiniano, que agravou acentuadamente a fome e as outras carências que a população enfrenta.

"A FHG (...) é um exemplo profundamente perturbador de como a ajuda humanitária pode ser explorada para fins militares e geopolíticos encobertos, em flagrante violação do direito internacional", sustentaram os especialistas numa declaração conjunta.

"A mistura de serviços secretos israelitas, empresários norte-americanos e entidades não-governamentais ambíguas sublinha a necessidade urgente de um controlo e de uma ação internacionais robustos sob a égide das Nações Unidas", acrescentaram no texto.

A 22 de julho, o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) afirmou que as forças israelitas tinham matado mais de mil palestinianos que tentavam obter ajuda alimentar na Faixa de Gaza desde o início das operações da FHG, quase três quartos dos quais perto dos pontos de distribuição da fundação.

"A credibilidade e a eficácia da ajuda humanitária devem ser restabelecidas através do desmantelamento da FHG, da sua responsabilização e da responsabilização dos seus dirigentes, e permitindo que os atores humanitários experientes da ONU e da sociedade civil retomem as rédeas da gestão e distribuição da ajuda", referiram ainda os peritos.

O documento foi assinado por 18 outros relatores especiais, bem como por outros especialistas e membros de grupos de trabalho da ONU, o que constitui um número particularmente elevado para este tipo de declaração.

Os relatores especiais são especialistas independentes mandatados pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU para analisar a situação humanitária em zonas de conflito. Redigem relatórios, mas não falam em nome da própria Organização das Nações Unidas.

Mais de dois milhões de pessoas vivem atualmente na Faixa de Gaza. A FHG afirma ter, até à data, distribuído mais de 1,76 milhões de caixas com bens alimentares, nos quatro pontos de distribuição que substituíram os 400 de que dispunham a Agência Especializada da ONU para Assistência aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA) e outras organizações humanitárias no terreno.

"Continuamos a melhorar as nossas operações. Apelamos à comunidade humanitária internacional para que se junte a nós: temos a escala e a capacidade para prestar mais ajuda à população de Gaza", afirmou na segunda-feira o diretor da FHG, John Acree.

Todos os dias morrem pessoas de subnutrição naquele enclave palestiniano, o que tem levado a comunidade internacional a acusar Israel de genocídio e de usar a fome como arma de guerra.

Até agora, a ONU e outras organizações humanitárias que operam em Gaza recusaram-se a colaborar com a FHG, cujo sistema de distribuição consideram contrário ao Direito Internacional Humanitário, por ser militarizado e ocorrer em poucos pontos, o que obriga os esfomeados habitantes a caminhar quilómetros para lá chegar.

Além disso, a abertura dos pontos de distribuição alimentar é comunicada com muito pouca antecedência (menos de uma hora), a comida acaba em minutos e o critério para a distribuir é a ordem de chegada, numa corrida frenética para conseguir alguma coisa, o que provoca caos e, por vezes, violência entre os próprios habitantes, que enfrentam também mercenários e o Exército israelita, que abrem fogo sobre aglomerações de pessoas.

Leia Também: ONU pede ao Paquistão para não forçar regressos de afegãos

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