A mãe do refém Rom Braslavski - que está em cativeiro há mais de 600 dias em Gaza - afirmou que já não vê "esperança" nos olhos do filho após ter sido divulgado um vídeo pela Jihad Islâmica. Referiu ainda que Rom está "pele e osso" e que permitiu que o vídeo do jovem fosse tornado público para que o "mundo veja".
Tam Braslavski revelou que não tem conseguido estar bem desde que viu a filmagem de Rom, de 22 anos. Nas imagens, o jovem está deitado no chão, agarrado ao estômago, enquanto pede a Israel para mandar comida e água para Gaza.
"O meu coração está despedaçado e a minha cabeça é consumida todos os dias por pensamentos e preocupação", disse a mãe do refém, citada pelo New York Post.
E continuou: "O Rom está tão magro que o seu corpo mal se consegue aguentar. Cada osso do seu corpo dói. Ele não se consegue sentar, deitar ou ficar de pé porque é doloroso. É só pele e osso".
Tam Braslavski referiu ainda que a visão de Rom está a falhar e que precisa de óculos, que não tem. "Quando olho para ele vejo o medo na sua cara e choro com ele".
"Não há esperança no seus olhos. Desespero, raiva e frustação substituíram a sua esperança de regressar a casa. O medo com que vivemos tornou-se mais palpável do que nunca e é importante que o mundo veja isto, apesar da minha dificuldade em mostrar publicamente o meu Rom naquela terrível condição", salientou.
Já o pai de Rom afirmou: "O que é que podemos dizer? Ele está a morrer. Estamos a ver o nosso filho morrer e não há nada que possamos fazer".
© AFP via Getty Images
O que disse Rom Braslavski no vídeo divulgado?
No vídeo divulgado pela Jihad Islâmica, Rom Braslavski disse estar "à beira da morte" e que acredita que "os outros prisioneiros [referindo-se aos restantes reféns] estão no mesmo estado mental e físico"
O jovem de 22 anos acrescentou ainda que está a "sofrer com dores" no pé, não conseguindo manter-se de pé ou caminhar até à casa de banho. Referiu também que está deitado 24 horas por dia.
"Fiquei sem comida e água. Se antes, sim, eles dar-me-iam um pouco [de comida], hoje não há nada. O que eu comi hoje foram três pedaços de pão. Ontem, mal comi um prato de arroz", contou.
E acrescentou: "Não consigo dormir. Não consigo viver. Vocês [Israel] têm de parar com o que estão a fazer. O que há de errado com vocês? Porque é que estão a fazer isto connosco? Tragam comida. Estou a sobreviver com menos de um litro de água".
A par do vídeo de Rom Braslavski, foi também divulgado um outro vídeo do refém Evyatar David, de 24 anos, onde é possível ver o jovem desnutrido e com os ossos salientes.
Nas imagens, gravadas nos últimos dias de julho e agora publicadas – com autorização da família, David identifica a data, 27 de julho deste ano, e diz que “não sabe o que vai comer".
"Quero dizer ao primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, que sinto que fui abandonado", ouve-se o refém dizer, num vídeo de propaganda.
Nas imagens é ainda possível ver o homem com uma pá, dizendo que "está a cavar própria sepultura."
O que diz o Hamas? E Netanyahu?
Nas imagens divulgadas, o Hamas traça um paralelo com o que se passa em Gaza, onde nas últimas semanas têm havido mais registos de crianças a morrer devido à subnutrição, inclusive casos em que uma bebé morreu com menos peso do que aquele com que nasceu.
No vídeo, apresentado com a frase "Eles comem o que nós comemos", aparecem imagens de crianças subnutridas em Gaza, alternadas com as de David, que se encontra fechado no que aparenta ser um túnel, e do primeiro-ministro de Israel.
Após as imagens serem divulgadas, Netanyahu pediu à Cruz Vermelha que disponibilize alimentos e assistência médica imediata aos reféns que estão sob o controlo do Hamas.
O grupo islamita já 'respondeu', no entanto, apontando que só permitirá o acesso do CICV aos reféns israelitas se forem abertos corredores humanitários para o território palestiniano, por forma a que Gaza possa ter acesso a medicamentos e comida.
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