Flávio Bolsonaro, senador da República pelo Rio de Janeiro - e filho de Jair Bolsonaro - , disse, esta terça-feira, que o vídeo que partilhou do seu pai nas redes sociais não foi a pedido dele e que não teve a intenção de desrespeitar as medidas cautelares que lhe foram impostas no processo de tentativa de golpe de Estado.
O senador referiu ainda que foi surpreendido com a decisão do juiz Alexandre de Moraes, quanto à decisão de o pai ficar em prisão domiciliária e que tem o direito de publicar "o que quiser nas redes sociais", não imaginando que o seu 'post' seria um incumprimento judicial.
"Uma vez que medida cautelar dizia respeito a ele [Jair Bolsonaro] não falar sobre o processo dele. Foi o que fiz, com a convicção, de que obviamente, na cabeça de qualquer pessoa normal, não traria problema nenhum. Porque fui eu que postei, não foi o presidente Jair Bolsonaro que pediu para eu postar, para burlar qualquer medida cautelar, para indiretamente usar a rede de terceiros para se promover, não", sublinhou durante uma conferência de imprensa, citada pelo site brasileiro g1.
Saliente-se que, no domingo, os apoiantes de Bolsonaro manifestaram-se em várias cidades do Brasil contra o juiz Alexandre de Moraes.
Jair Bolsonaro não podia marcar presença devido às medidas cautelares que lhe foram impostas, mas participou nas manifestações por telefone, contrariando medidas cautelares do STF, que o tinham proibido de usar redes sociais.
No Rio de Janeiro, o seu discurso foi transmitido através do filho, enquanto em São Paulo Jair Bolsonaro participou na manifestação através de uma videochamada exibida por um deputado.
Bolsonaro em prisão domiciliária: O que está em causa?
No noite de segunda-feira, o juiz Alexandre de Moraes determinou que Jair Bolsonaro, antigo presidente do Brasil, iria ficar em prisão domiciliária, controlada por pulseira eletrónica.
Bolsonaro, de 70 anos, estava sujeito a restrições judiciais que o obrigavam a permanecer em casa à noite e aos fins de semana, usar pulseira eletrónica e abster-se de utilizar as redes sociais, no âmbito do processo de tentativa de golpe de Estado.
Agora, o juiz Alexandre de Moraes considerou que estas medidas cautelares foram violadas, justificando que Bolsonaro utilizou as redes de aliados, incluindo dos seus três filhos, para divulgar mensagens com "claro conteúdo de incentivo e instigação a ataques ao Supremo Tribunal Federal e apoio ostensivo à intervenção estrangeira no Poder Judiciário brasileiro".
"Não há dúvidas de que houve o descumprimento da medida cautelar imposta a Jair Messias Bolsonaro", escreveu o juiz no despacho, segundo cita o g1.
De notar que a defesa do antigo presidente brasileiro mostrou-se "surpreendida com a decretação de prisão domiciliária", negando o incumprimento das medidas cautelares.
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