Morreu ex-presidente romeno Ion Iliescu, aos 95 anos

O ex-presidente romeno Ion Iliescu, acusado de crimes contra a humanidade pelo papel na repressão dos protestos que eclodiram em junho de 1990, após a queda do regime comunista do país, morreu hoje, aos 95 anos.

Ion Iliescu

© HKM Fotografie/ullstein bild via Getty Images

Lusa
05/08/2025 18:50 ‧ há 2 dias por Lusa

Mundo

Roménia

"Com profundo pesar, o Governo anuncia a morte do antigo Presidente romeno Ion Iliescu. Morreu hoje, dia 05 de agosto de 2025, no Hospital Clínico de Emergência Agrippa Ionescu, em Bucareste. O Governo envia as suas condolências à sua família e a todos os seus amigos próximos", pode ler-se num comunicado publicado pelo executivo na sua página de Facebook.

 

Os detalhes sobre o funeral de Estado organizado em homenagem a Iliescu "serão anunciados em breve", acrescentou a mesma fonte.

No início de junho, o antigo chefe de Estado foi internado nos cuidados intensivos com problemas respiratórios e, apenas uma semana depois, foi-lhe diagnosticado um cancro do pulmão, para o qual foi submetido a várias cirurgias.

O primeiro-ministro romeno, Ilie Bolojan, considerou que a morte de Iliescu "marca o fim de um período significativo na história recente do país, marcado pela transição pós-comunista e por transformações essenciais na vida pública".

"Iliescu entra agora para a História", realçou.

Ilie Bolojan salientou também que Iliescu ocupou o cargo de chefe de Estado "em diversas ocasiões e liderou o principal partido de esquerda desses anos".

"Durante o seu mandato foram adotados documentos e decisões que influenciaram o rumo da Roménia", enfatizou, referindo-se à revisão da Constituição de 2003, que "lançou as bases para importantes mudanças políticas".

Nascido em 03 de março de 1930, filho de uma lavadeira e de um ferroviário, numa modesta família comunista em Oltenita (sul), estudou engenharia em Moscovo antes de ascender rapidamente na hierarquia e servir como ministro da Juventude sob Nicolae Ceausescu.

Após a detenção do ditador, em dezembro de 1989, e a sua subsequente execução em circunstâncias pouco claras, assumiu o poder como figura providencial, liderando uma Frente de Salvação Nacional (FSN) e prometendo estabilizar o país.

Os seus opositores acusaram-no, no entanto, de ter "sequestrado" a revolução anticomunista ao orquestrar a violência que fez mais de 850 mortos e milhares de feridos.

Apesar das acusações, foi eleito chefe de Estado, em maio de 1990, num sistema multipartidário, com 85% dos votos.

Amigo próximo do último presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, opôs-se a qualquer medida de saneamento político, que visasse impedir os antigos altos funcionários comunistas de se candidatarem a cargos públicos.

Um mês depois de eleito, causaria alarme mundial ao encorajar milhares de mineiros do interior a reprimir violentamente o movimento estudantil que bloqueava o trânsito em Bucareste, num protesto contra as suas políticas intervencionistas.

Reeleito em Novembro de 1992 (com 61%), é-lhe atribuída a condução da Roménia para uma economia de mercado. Foi derrotado em 1996 antes de regressar ao poder em 2000, guiando o seu país na adesão à NATO e à União Europeia, ao mesmo tempo que imprimiu a este 'atlantismo' uma retórica paradoxalmente antiliberal.

Em 2004, foi eleito senador antes de ser destituído da presidência do Partido Social-Democrata (PSD) pelos reformistas, tornando-se uma figura respeitada, apreciada pela sua integridade pessoal e pela discrição que cultiva em relação à sua vida privada.

O ex-Presidente, que se retirou da política há anos, foi acusado de crimes contra a humanidade, juntamente com o ex-primeiro-ministro Petre Roman.

O processo contra ele foi suspenso pelos tribunais em 2020, embora tenha sido reaberto em 2023.

Ion Iliescu rejeitou as acusações, considerando os procuradores "uma vergonha nacional" e levando muito a sério as suspeitas contra si, embora "tivesse desempenhado um papel importante na democratização do país".

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