"O ACNUR está particularmente preocupado com as mulheres e as raparigas que são forçadas a regressar a um país onde os direitos humanos estão em risco, bem como com outros grupos vulneráveis", disse o porta-voz da agência da ONU, Babar Baloch, em conferência de imprensa.
O porta-voz referiu que o número de afegãos que foi forçado, este ano, a regressar a Cabul a partir de países vizinhos, como o Paquistão e o Irão, "colocou uma enorme pressão sobre os serviços básicos, a habitação, os meios de subsistência e as próprias comunidades de acolhimento, agravando ainda mais a crise humanitária no Afeganistão".
Os regressos "maciços e precipitados" representam um risco de instabilidade para o Afeganistão e para toda a região, o que poderá alimentar os fluxos migratórios nesta e noutras áreas, acrescentou.
O Paquistão confirmou, na quinta-feira, que os refugiados afegãos iam ser repatriados de acordo com o atual "Plano de Repatriamento de Estrangeiros Ilegais".
Nos últimos dias, o ACNUR recebeu relatos de detenções de afegãos em todo o país, incluindo portadores de Comprovativo de Registo (PoR), um documento que prova que uma pessoa ou entidade está registada no sistema.
"Reconhecemos e apreciamos a generosidade do Paquistão em acolher refugiados há mais de 40 anos, entre desafios próprios do país. No entanto, considerando que os titulares dos cartões PoR são reconhecidos como refugiados há décadas, [pelo que] o regresso forçado é contrário à abordagem humanitária de longa data do Paquistão em relação a este grupo e constituiria uma violação do princípio de não-repulsão", lembrou Babar Baloch.
Este ano, mais de 2,1 milhões de afegãos já regressaram ou foram forçados a regressar ao Afeganistão, dos quais 352 mil partiram do Paquistão, enquanto os restantes estavam maioritariamente no Irão, país que alberga a maior população de refugiados do mundo.
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