ONU lança alimentos do ar para evitar uma catástrofe no Sudão do Sul

Mais de um milhão de pessoas no Alto Nilo enfrentam fome aguda, incluindo mais de 32.000 que já experimentam níveis extremos de fome (IPC5), o nível mais alto de insegurança alimentar, de acordo com a ONU.

Sudão do Sul, mapa

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Lusa
07/07/2025 12:00 ‧ há 2 horas por Lusa

Mundo

Sudão do Sul

O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM) começou a lançar ajuda alimentar de emergência do ar para milhares de famílias no estado do Alto Nilo, no Sudão do Sul, anunciou hoje aquela agência da ONU.

 

Esta é a primeira vez em mais de quatro meses que o PAM consegue "fornecer assistência alimentar e nutricional vital a mais de 40.000 pessoas que enfrentam uma fome catastrófica nas partes mais remotas dos condados de Nasir e Ulang, áreas que só podem ser acedidas por via aérea", indicou a agência em comunicado.

Mais de um milhão de pessoas no Alto Nilo enfrentam fome aguda, incluindo mais de 32.000 que já experimentam níveis extremos de fome (IPC5), o nível mais alto de insegurança alimentar, de acordo com a ONU.

Esse número triplicou desde o início do conflito armado em março, provocando deslocamentos em massa, inclusive através da fronteira com a Etiópia, onde o PAM fornece ajuda alimentar vital a cerca de 50.000 pessoas que fugiram do Alto Nilo em busca de alimentos e segurança, explica.

"A ligação entre o conflito e a fome é tragicamente evidente no Sudão do Sul, e temos visto isso nos últimos meses no Alto Nilo", afirmou Mary-Ellen McGroarty, diretora do PAM no Sudão do Sul.

"Sem um aumento significativo da assistência, os condados de Nasir e Ulang correm o risco de cair numa fome generalizada. Precisamos urgentemente de levar alimentos a estas famílias e estamos a fazer tudo o que está ao nosso alcance para chegar àqueles que mais precisam antes que a situação se agrave", acrescentou McGroarty na nota.

O PAM pretende chegar a 470.000 pessoas no Alto Nilo e no norte de Jonglei durante a época de escassez --- a época de maior fome do ano, que se estende até agosto ---, mas os combates contínuos e as limitações logísticas têm dificultado o acesso e uma resposta abrangente. Até agora, só foi possível chegar a 300.000 pessoas no Alto Nilo.

"As principais rotas fluviais que conduzem ao estado devem ser reabertas com urgência para prestar apoio humanitário contínuo às famílias necessitadas", uma vez que se trata das rotas mais adequadas para chegar a vastas zonas dos estados do Alto Nilo e do norte de Jonglei, mas que estão bloqueadas devido aos combates ativos desde meados de abril, indica-se no comunicado.

O PAM tem 1.500 toneladas métricas de alimentos prontas para serem transportadas assim que as rotas fluviais voltarem a funcionar, explicou a agência da ONU.

"Onde conseguimos fazer entregas de forma constante, vimos um progresso real", disse McGroarty, acrescentando que, no entanto, se não conseguirem fazer com que os alimentos cheguem às pessoas "a fome agravar-se-á e tornar-se-á uma ameaça real e presente".

O Sudão do Sul é palco de tensões crescentes que se agravaram em março passado com a detenção de várias figuras-chave do principal partido da oposição, o Movimento de Libertação do Povo do Sudão na Oposição (SPLM-IO, na sigla em inglês), liderado pelo primeiro vice-Presidente do país, Riek Machar, que se encontra em prisão domiciliária.

O país africano sofreu uma guerra de cinco anos que matou cerca de 400.000 pessoas e terminou com o acordo de paz de 2018, que estipulava um acordo de partilha de poder entre o Governo e a oposição, mas cujas principais disposições nunca foram aplicadas.

Leia Também: Cerca de 450.000 afegãos deixaram o Irão desde 1 de junho

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