Eritreia está a rearmar-se e desestabiliza países vizinhos, diz ONG

A alegação, rejeitada pelas autoridades eritreias, consta de um relatório divulgado na segunda-feira à noite.

Eritreia, mapa, bandeira

© ShutterStock

Lusa
01/07/2025 15:41 ‧ há 5 horas por Lusa

Mundo

Eritreia

A Organização Não-Governamental (ONG) norte-americana The Sentry considera que a Eritreia tem estado a "reconstruir o seu exército" e a "continuar a desestabilizar os seus vizinhos" desde o fim do embargo de armas em 2018.

 

O embargo foi introduzido pela ONU em 2009 devido ao alegado apoio da Eritreia aos fundamentalistas islâmicos na Somália.

A alegação, rejeitada pelas autoridades eritreias, consta de um relatório divulgado na segunda-feira à noite, no qual The Sentry considera que, desde o levantamento do embargo, Asmara tem estado a "reconstruir o exército, a reforçar as suas defesas e a continuar a desestabilizar os seus vizinhos", em particular a Etiópia.

A ONG, que se especializou em rastrear o dinheiro da corrupção que financia as guerras, acrescenta ser expectável que a ingerência eritreia se mantenha.

A Eritreia é governada com mão de ferro por Issaias Afeworki desde a sua independência da Etiópia em 1993.

O país, de 3,5 milhões de habitantes, está no fundo de muitas classificações internacionais, nomeadamente em termos de liberdade de imprensa (180.º lugar entre 180 em 2025, segundo os Repórteres Sem Fronteiras) e de desenvolvimento humano (175.º lugar entre 183 em 2022, segundo a ONU).

Questionado pela agência noticiosa francesa AFP sobre a alegação, o ministro da Informação da Eritreia, Yemane Ghebremeskel respondeu:"Porquê fazer da Eritreia um bode expiatório com uma história inventada".

"A nova tensão na região é o resultado da política ilegal e publicamente anunciada da Etiópia", um país sem litoral, para ter acesso ao mar, continuou Yemane.

A Eritreia acusa o seu vizinho de cobiçar o porto eritreu de Assab.

A ONG também analisa os abusos cometidos entre 2020 e 2022 durante a guerra em Tigray, uma região etíope que faz fronteira com a Eritreia, onde um violento conflito opôs rebeldes ao exército federal, apoiado por soldados eritreus.

De acordo com uma estimativa da União Africana, pelo menos 600 mil pessoas morreram nesse conflito.

"Os crimes de guerra foram cometidos por todas as partes envolvidas no conflito, mas a natureza das atrocidades e dos lucros de guerra cometidos pelo exército da Eritreia não teve precedentes, tanto em termos de escala como de premeditação", escreveu a ONG, referindo-se a "massacres", "violência sexual generalizada" e pilhagens.

Um acordo de paz pôs fim aos combates, mas as tropas da Eritreia ainda estão presentes em Tigray.

De acordo com The Sentry, os comandantes militares eritreus continuam a contribuir para a desestabilização de Tigray, "nomeadamente através do tráfico de seres humanos, raptos e extração ilícita de ouro".

O fim do embargo da venda de armas em 2018 foi apoiado pela Etiópia, onde Abiy Ahmed tinha acabado de ser nomeado primeiro-ministro, tendo sido galardoado com o Nobel da Paz no ano seguinte, depois de ter assinado um acordo de paz com a Eritreia.

Mas, desde o fim da guerra de Tigray, as relações entre Asmara e Adis Abeba voltaram a estar em conflito, aumentando o risco de um novo conflito, como o que opôs os dois países por causa de disputas fronteiriças entre 1998 e 2000.

Para The Sentry, as instituições internacionais devem "enviar uma mensagem clara" aos diferentes atores da região, em particular aos governos da Etiópia e da Eritreia, de que, se o conflito recomeçar, "enfrentarão uma resposta internacional e sanções".

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