Num discurso proferido hoje na sede da União Africana, em Adis Abeba, o presidente da Fundação Gates, Bill Gates, exortou os líderes africanos a aproveitarem "o momento para acelerar o progresso na saúde e no desenvolvimento por meio da inovação e da parceria, apesar dos desafios atuais", segundo um comunicado de imprensa da fundação.
De acordo com a nota de imprensa, Gates anunciou que a maior parte dos 200 mil milhões de dólares (cerca de 175 mil milhões de euros) "que a fundação gastará nos próximos 20 anos irá para a África, com foco em parcerias com governos que priorizam a saúde e o bem-estar dos seus povos".
Gates contextualizou que assumiu o compromisso de doar a sua fortuna dos próximos 20 anos e que pretende que esse valor seja para ajudar "África a enfrentar os seus desafios".
Para Gates, o papel da liderança e criatividade africanas são fundamentais na promoção da saúde e do futuro económico do continente.
"Ao libertar o potencial humano através da saúde e da educação, todos os países africanos deverão estar no caminho da prosperidade --- e é emocionante fazer parte desse caminho", afirmou o cofundador da Microsoft.
Após o seu discurso, Gates juntou-se a Paulin Basinga, diretor da fundação para África, numa conversa informal para discutir a agenda de desenvolvimento de África e os investimentos e parcerias necessários para impulsionar o progresso futuro.
Para Gates, países como Moçambique, Etiópia, Ruanda, Zimbabué, Nigéria e Zâmbia "estão a mostrar o que é possível [acontecer] quando uma liderança ousada aproveita a inovação".
Ao refletir sobre o seu envolvimento de mais de duas décadas no continente, declarou que sempre se inspirou pelo trabalho árduo dos africanos, mesmo nos locais com os recursos mais limitados.
Para si, a inteligência artificial (IA) poderá ter um potencial transformador relevante no futuro do continente.
Por outro lado, Gates elogiou os "jovens inovadores africanos", que diz ver "os jovens em África a abraçar essa realidade e a pensar em como isso se aplica aos problemas que querem resolver".
Citou o exemplo do Ruanda, que usa IA "para melhorar a prestação de serviços".
Este anúncio da ajuda de Gates ao continente surge num contexto de corte da ajuda internacional a África, nomeadamente desde a tomada de posse da administração do Presidente norte-americano Donald Trump.
Enquanto esteve na Etiópia, Gates reuniu-se com o primeiro-ministro Abiy Ahmed e de seguida viajará para a Nigéria, onde se reunirá com o Presidente Bola Ahmed Tinubu e se reunirá com líderes federais e estaduais para discutir as reformas dos cuidados de saúde primários do país.
Gates também participará num evento da Goalkeepers Nigéria focado no futuro da inovação em África e reunirá com cientistas e parceiros locais que estão a moldar a estratégia nacional de IA da Nigéria e a ampliar as soluções de saúde.
Segundo o comunicado da fundação, nos próximos 20 anos a entidade "trabalhará em conjunto com os seus parceiros para alcançar o máximo progresso possível em direção a três objetivos principais: acabar com as mortes evitáveis de mães e bebés; garantir que a próxima geração cresça sem ter que sofrer com doenças infecciosas mortais; e tirar milhões de pessoas da pobreza, colocando-as no caminho da prosperidade"
Após esse período de 20 anos, a "fundação encerrará as suas operações", concluiu.
A Fundação Gates foi criada em 2000 por Bill e Melinda Gates e tem sede em Washington, nos Estados Unidos da América.
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