Um italiano de 49 anos morreu, no dia 15 de agosto, enquanto tentava ajudar uma amiga que tinha ficado presa no cume da cordilheira Tian Shan, no Quirguistão, a mais de sete mil metros de altitude.
Luca Sinigaglia morreu de hipotermia e devido à exposição prolongada a baixos níveis de oxigénio, no Pico Pobeda, a algumas centenas de metros do local onde Natalia Nagovitsyna, de 47 anos, estava abrigada, de acordo com a Rai News.
A alpinista russa ficou presa na montanha ao partir a perna, enquanto descia do cume, no dia 12 de agosto. Sinigaglia e o alpinista alemão Gunther Siegmund conseguiram levar-lhe um saco-cama, uma tenda, água, comida e um fogão a gás, até que a mulher pudesse ser resgatada.
Contudo, numa segunda tentativa de ajudar a amiga, o italiano colapsou de exaustão, possivelmente na sequência de um edema cerebral, e acabou por morrer. O corpo do homem continua no interior de uma caverna em que se abrigou, devido às condições climatéricas adversas.
Nagovitsyna também ainda não foi resgatada. Quatro socorristas ficaram feridos após uma aterragem de emergência de um helicóptero militar, a 16 de agosto. Um drone que sobrevoou a área a 19 de agosto confirmou que a mulher ainda estava viva naquele dia. No entanto, não havia sinais de vida na quinta-feira, e o vento tinha destruído a tenda, noticiou o The Times.
Entretanto, três socorristas italianos – Manuel Munari, Mario Sottile e Michele Cucchi – já se encontram no Quirguistão, para tentar não só resgatar Nagovitsyna, mas também recuperar o corpo de Sinigaglia.
“Foi um ato de grande coragem. Ele nunca teria deixado ninguém para trás, especialmente Natalia, com quem havia sobrevivido a uma experiência que os tornou muito próximos. Foi uma ação digna de orgulho que, infelizmente, não lhe permitiu voltar para nós. Mas o Luca era assim”, disse a irmã do homem, Patrizia Sinigaglia, citada por aquele meio.
O alpinista conheceu a amiga em Khan Tengri, na fronteira entre o Cazaquistão, o Quirguistão e a China, em 2021. Sinigaglia ajudou Nagovitsyna e o marido, Sergei, a descer a montanha. Contudo, o homem sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) e não sobreviveu.
De acordo com Patrizia Sinigaglia, o irmão ambicionava ganhar o Prémio Snow Leopard, concedido aos alpinistas que escalaram os cinco picos com mais de sete mil metros na antiga União Soviética.
“Faltava-lhe o Pobeda. Conseguiu antes de morrer”, disse.
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