NATO: 32 aliados negoceiam pelo menos 3,5% do PIB em defesa

Onze anos depois do último compromisso de investimento, os 32 países da Aliança Atlântica deverão acordar um objetivo mais ambicioso para reforçar as capacidades militares e compensar as últimas décadas.

Aliados da NATO reúnem-se em Haia

© REMKO DE WAAL/ANP/AFP via Getty Images

Lusa
22/06/2025 08:52 ‧ há 3 horas por Lusa

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Várias ameaças do Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, e uma intervenção militar russa com a intenção de anexar todo o território da Ucrânia depois, a NATO 'despertou' para um contexto geopolítico cada vez mais incerto, com países como a China a 'chegarem-se à frente' -- especula-se que a Marinha de Pequim já ultrapasse a do 'peso pesado' da NATO, os EUA.

 

Na cimeira de Haia, nos Países Baixos, deverá ser feito um compromisso novo de investimento em defesa.

Em 07 de novembro de 2019, o Presidente de França, Emmanuel Macron, disse durante uma entrevista que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) estava a "padecer de uma morte cerebral".

As palavras, amplamente criticadas na altura dentro da organização político-militar, fizeram eco das discrepâncias cada vez mais evidentes entre as capacidades militares dos então 29 países da Aliança.

Em 05 de setembro de 2014, os países da NATO tinham feito um compromisso de investir pelo menos 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em defesa, mas até 2018, a maioria estava longe do objetivo.

A menos de uma semana da cimeira, as negociações ainda não estão fechadas e entraram na fase mais crítica, disseram à Lusa fontes diplomáticas da organização político-militar da qual Portugal faz parte.

Dos 31 Estados-membros da NATO, só nove, incluindo Portugal, estão abaixo do compromisso estabelecido em 2014, mas as pressões geopolíticas e dentro da própria NATO deverão antecipar as metas desses nove países (Espanha, Portugal, Canadá, Luxemburgo, Itália, Bélgica, Croácia, Montenegro e Eslovénia) para este ano, abrindo terreno para um compromisso mais ambicioso: 3,5% do PIB em defesa.

Apesar de ser o valor mais consensual, a percentagem foi sofrendo alterações.

Países como a Polónia -- a nação que está no topo da lista de investimento, tendo dedicado em 2024 4,07% do PIB à defesa, acima dos EUA -- queriam um compromisso inicial de 5%, mas outros países, mais cautelosos, apontaram para 3%.

Discussões no último ano levaram à percentagem de 3,5% que deverá ser acordado em Haia, segundo relataram as fontes ouvidas pela Lusa.

A data para concretizar esta meta de investimento também não está fechada. Ainda em discussão está a possibilidade de fazer como na cimeira do País de Gales, em 2014, e fixar um período de 10 anos, até 2035, mas os países do leste da Europa, receando uma reorganização e reequipagem da Rússia, pediram que este objetivo de reforço das capacidades militares esteja concluído até 2032.

Há ainda um setor dentro da NATO que pede que um prazo mais dilatado, receando a impossibilidade de cumprimento destas metas face a um contexto geopolítico incerto e à flutuação dos mercados, que poderá desencadear recessões ou, no mínimo, congelar a margem de crescimento.

Por exemplo, a Alemanha anunciou um plano de investimento de 500 mil milhões de euros, mas o país vem de dois anos de contração económica e ainda não é certo que 2025 seja o ano de início da recuperação económica.

Na declaração final da cimeira de dois dias deverá constar um novo plano para os próximos anos, com uma meta com peso político, uma vez que deverá satisfazer as ambições dos países de leste e ser considerada uma vitória política para o Presidente Donald Trump, que a nível interno poderá dizer que 'obrigou' os países da NATO a comprometerem-se com uma participação mais equitativa.

Em simultâneo, neste compromisso deverá constar também um adicional de 1,5% do PIB em investimento em infraestruturas e equipamentos civis, mas que, dadas as circunstâncias, poderão ser afetas à componente militar também.

Com este compromisso adicional, os países da NATO deverão apontar para um investimento na ordem dos 5% (3,5% diretos e 1,5% em investimento de uso duplo).

Leia Também: NATO responde a críticas de Trump com novo compromisso de investimento

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