A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, afirmou na terça-feira que o Papa Leão XIV lhe tinha confirmado a disponibilidade do Vaticano para acolher tais negociações, uma possibilidade, segundo ela, vista com bons olhos pelos Presidentes norte-americano, Donald Trump, e ucraniano, Volodymyr Zelensky, e pelos aliados europeus de Kyiv.
A ideia tem vindo a ganhar terreno desde que o Papa Leão XIV na semana passada propôs a sua mediação às partes beligerantes de todo o mundo.
"Neste momento, é um pouco especulativo falar de uma data ou de formatos" de uma possível reunião, sublinhou Stefan Kornelius, o porta-voz do chanceler alemão, Friedrich Merz, numa conferência de imprensa regular em Berlim.
"Depois da experiência dos últimos dez dias e de Istambul, sabemos que é prioritário que se realizem conversações sérias e que a delegação, seja ela qual for, tenha também uma procuração para negociar um armistício", defendeu.
"Penso que uma reunião deste tipo requer uma preparação muito intensa", acrescentou o porta-voz.
As conversações de sexta-feira em Istambul entre ucranianos e russos, as primeiras desde 2022, não conseguiram alcançar o cessar-fogo proposto pela Ucrânia e seus aliados, uma vez que os ataques mortais prosseguiram no terreno.
No sábado à noite, a Rússia enviou um número "recorde" de mais de 270 'drones' (aeronaves não-tripuladas) explosivos para a Ucrânia, segundo Kyiv.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kyiv têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo em 2014.
As tropas russas, mais numerosas e mais bem equipadas, prosseguem o seu avanço na frente oriental, apesar da ofensiva ucraniana na Rússia, na região de Kursk, e da autorização dada à Ucrânia pelo então Presidente norte-americano cessante, Joe Biden, para utilizar mísseis de longo alcance fornecidos pelos Estados Unidos para atacar a Rússia.
As negociações entre as duas partes estavam completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.
Antes de regressar à Casa Branca para um segundo mandato presidencial, Trump defendeu o fim imediato da guerra na Ucrânia, asseverando que o conseguiria em 24 horas, mas não foi bem-sucedido até à data.
A Ucrânia pede garantias sólidas de segurança aos seus aliados, para evitar que Moscovo volte a atacar, ao passo que a Rússia quer uma Ucrânia "desmilitarizada" e que entregue os territórios que a Rússia afirma ter anexado, o que Kyiv considera inaceitável.
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