A sessão plenária dedicada ao tema 'Meio Ambiente, COP30 e Saúde Global' foi iniciada com um discurso do chefe de Estado do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, anfitrião da cimeira que começou no domingo e cujo país preside atualmente ao fórum das economias emergentes.
No domingo, numa declaração conjunta intitulada "Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável", os chefes de Estado e de Governo do grupo dos BRICS condenaram as "sanções económicas" e a "imposição de medidas coercivas unilaterais", numa alusão às tarifas impostas pelo Presidente dos Estados Unidos.
Na declaração, os líderes expressaram "sérias preocupações com o aumento de medidas tarifárias e não tarifárias unilaterais que distorcem o comércio e são inconsistentes com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)".
Sem mencionar de forma explícita os Estados Unidos, o bloco reiterou que as sanções económicas unilaterais têm implicações negativas de longo alcance para os direitos humanos, incluindo os direitos ao desenvolvimento, à saúde e à segurança alimentar da população em geral dos Estados atingidos.
Na sequência desta declaração, Donald Trump ameaçou impor uma tarifa adicional de 10% a qualquer país que opte por alinhar com as políticas do bloco dos BRICS, que descreveu como "anti-Estados Unidos".
"Qualquer país que se alinhe com as políticas anti-[norte-]americanas dos BRICS terá de pagar uma tarifa ADICIONAL de 10%", escreveu Trump, no domingo à noite, numa publicação na sua rede social, a Truth Social, recorrendo à escrita em letras maiúsculas, como faz frequentemente para enfatizar a mensagem.
"Não haverá exceções a esta política", acrescentou Trump, que já tinha ameaçado impor uma tarifa de 100% aos parceiros do fórum caso estes desafiassem a hegemonia do dólar.
A reação não se fez esperar por parte das duas maiores potências dos BRICS (China e Rússia).
"A cooperação entre os países BRICS é aberta, inclusiva e não visa nenhum país em particular", afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, em conferência de imprensa.
A mesma porta-voz sublinhou que a China "sempre se opôs a guerras comerciais e tarifárias", acrescentando que a imposição "arbitrária" de tarifas "não beneficia nenhum país".
Já a Rússia minimizou a importância das novas ameaças tarifárias feitas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, contra os países emergentes, sublinhando que são Estados movidos por interesses comuns.
O porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, citado pela agência Interfax, destacou mesmo que estas declarações de Trump sobre as economias emergentes "já são conhecidas".
O grupo dos BRICS foi fundado em 2009 por Brasil, Rússia, Índia e China, juntando-se a África do Sul, em 2011. Atualmente integra ainda: Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irão, Indonésia e a Arábia Saudita.
A estes juntam-se, como membros associados, outros 10 Estados: Bielorrússia, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e o Vietname.
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