"O acordo de associação União Europeia (UE)-Israel é um fórum importante que devemos utilizar para discutir questões cruciais", como a guerra na Faixa de Gaza, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão, Christian Wagner.
O porta-voz alemão não confirmou formalmente as notícias divulgadas pela imprensa sobre a oposição de Berlim à revisão do acordo UE-Israel.
Na terça-feira, a UE anunciou que vai rever o acordo de associação com Israel em resposta ao bloqueio imposto desde março que impede a entrada de alimentos e medicamentos, entre outros bens de primeira necessidade, na Faixa de Gaza.
A Comissão Europeia vai iniciar este processo de revisão para verificar se Israel respeita os direitos humanos e os princípios democráticos, em conformidade com o artigo 2.º do presente acordo.
Segundo a diplomacia francesa, 17 Estados-membros do bloco europeu, incluindo a França, votaram a favor de uma revisão do texto em vigor desde 2000, que visa facilitar o diálogo político e o comércio entre a UE e Israel.
Apesar das "diferenças" entre os 27 do bloco comunitário sobre esta questão, "no final", frisou o porta-voz alemão, "penso que todos partilhamos o mesmo objetivo: encontrar uma solução para este conflito em Gaza".
A Alemanha, um dos mais fortes apoiantes de Israel, foi um dos cerca de 20 países que assinaram uma declaração conjunta na segunda-feira, exigindo que Israel "retome imediatamente a ajuda total à Faixa de Gaza", e apelando a que esta seja coordenada pelas Nações Unidas e pelas organizações não-governamentais (ONG).
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) acusou hoje Israel de estar a condicionar a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, permitindo apenas quantidades consideradas insuficientes.
Tom Fletcher, responsável da agência para os Assuntos Humanitários das Nações Unidas, alertou na terça-feira que cerca de 14 mil bebés podem morrer na Faixa de Gaza esta semana se os mantimentos não chegarem imediatamente ao enclave palestiniano.
Também na terça-feira, as autoridades israelitas anunciaram que 93 camiões de ajuda humanitária da ONU entraram na Faixa de Gaza, um dia depois de apenas nove terem sido autorizados, disseram as Nações Unidas.
O Governo alemão anunciou hoje também que tinha retirado nove cidadãos alemães e três dos seus familiares de Gaza na terça-feira, "em estreita coordenação com as autoridades de segurança e o Governo israelita".
Esta é a terceira operação deste tipo desde o início de abril.
A guerra eclodiu em Gaza após um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 53 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.
A ofensiva israelita também destruiu grande parte das infraestruturas do território governado pelo Hamas desde 2007.
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