A Administração de Aviação Civil da China anunciou no domingo a abertura da rota W121, a terceira extensão da controversa rota M503, cuja proximidade à linha divisória informal entre os dois lados do Estreito tem sido fonte de protestos por parte de Taipé.
Citado pela agência de notícias taiwanesa CNA, o Conselho para os Assuntos do Continente de Taiwan (MAC, na sigla em inglês), responsável pelas relações com Pequim, apelou a que a China "inicie rapidamente conversações" sobre o assunto, afirmando que a decisão "falta ao respeito pelo consenso entre os dois lados do Estreito de Taiwan".
O MAC alertou que, num contexto de tensões crescentes entre Taipé e Pequim, o Governo chinês deveria pôr fim a "ações unilaterais que agravam a instabilidade regional e não são bem recebidas por nenhuma das partes".
Em resposta, o porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado chinês, Chen Binhua, defendeu que a ativação da rota W121 "beneficiará as populações de ambos os lados do Estreito".
Citado pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua, Chen afirmou que a medida visa aliviar a congestão do tráfego aéreo, melhorar a segurança da aviação e reduzir atrasos nos voos.
A rota M503 foi estabelecida por Pequim em 2015 na Região de Informação de Voo de Xangai, mas próxima da Região de Informação de Voo de Taipé.
Após negociações, a China acedeu a desviar a rota seis milhas náuticas (cerca de 11 quilómetros) da trajetória original.
No entanto, a 30 de janeiro de 2025, anunciou que voltaria a aproximá-la da linha média do Estreito, a partir de 01 de fevereiro.
Durante décadas, Pequim e Taipé respeitaram a linha média do Estreito como fronteira tácita.
Contudo, desde a visita da então presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, à ilha, em agosto de 2022, as Forças Armadas chinesas têm cruzado essa linha com maior frequência.
A abertura da rota W121 surge dias antes do início dos exercícios militares anuais Han Kuang, realizados pelas Forças Armadas de Taiwan, e que simula uma guerra total com a República Popular da China.
Leia Também: China apela aos BRICS para liderarem reforma da governação global