O presidente francês, Emmanuel Macron, aceitou o pedido de demissão do primeiro-ministro, Michel Barnier, que continuará a cargo "dos assuntos quotidianos até à nomeação de um novo governo".
"O primeiro-ministro apresentou hoje a demissão do seu governo ao Presidente da República, que tomou nota da mesma", indicou o Eliseu, em comunicado.
A nota apontou ainda que o chefe do Executivo e os restantes membros do governo ficarão a cargo "dos assuntos quotidianos até à nomeação de um novo governo".
Macron deverá hoje ainda dirigir-se aos franceses num discurso televisivo, às 20h00 horas de Paris (19h00 de Lisboa).
A demissão de Barnier surge na sequência da derrota do seu governo numa moção de censura apresentada pelo bloco de partidos de esquerda Nova Frente Popular (NFP) e apoiada pela extrema-direita de Marine Le Pen, União Nacional (RN, sigla em francês), na quarta-feira.
Os líderes desta aliança salientaram, de forma clara, que não visavam apenas o atual governo, mas também Emmanuel Macron, ainda que o seu futuro, cujo mandato termina em 2027, não esteja legalmente ligado ao do governo.
As eleições legislativas no mês seguinte deram origem a uma Assembleia Nacional muito fragmentada e Barnier só tomou posse como primeiro-ministro em 5 de setembro, sucedendo a Gabriel Attal, após 60 dias de impasse. Assim, a queda do executivo, após apenas três meses em funções, é a mais rápida desde a adoção da Constituição francesa em 1958.
Com o atual cenário, o país corre o risco de uma crise financeira ligada ao nível de confiança dos mercados na capacidade das autoridades públicas de contrair empréstimos a taxas baixas.
A esquerda, sob a bandeira da NFP, é o grupo com mais deputados, mas após as eleições o presidente descartou a possibilidade de propor um primeiro-ministro deste bloco, argumentando que não receberia apoio de outras famílias políticas.
Nos últimos dias, vários nomes têm surgido nos meios de comunicação social, sem que haja um favorito claro e com a possibilidade de um Governo de tecnocratas, uma situação a que a França nunca teve de recorrer.
[Notícia atualizada às 14h44]
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