'Lobo Polar', a prisão "impossível de escapar" onde Navalny morreu

Além de ser uma das prisões mais remotas da Rússia, a IK-3, que foi fundada em 1961, é descendente dos gulags da era soviética.

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Daniela Filipe
16/02/2024 20:17 ‧ 16/02/2024 por Daniela Filipe

Mundo

Alexei Navalny

Ao fim de semanas em parte incerta, o opositor russo Alexei Navalny, de 47 anos, foi localizado pela sua equipa numa colónia penal perto da cordilheira dos Urais, no Ártico, no final de dezembro do ano passado. Conhecida como ‘Lobo Polar’, a cadeia em que Navalny terá morrido, esta sexta-feira, situa-se a cerca de 60 quilómetros a norte do Círculo Polar Ártico, na região de Yamalo-Nenets, e a quase dois mil quilómetros de Moscovo.

A cadeira, que tem capacidade para 1.050 reclusos acusados de crimes violentos, “é quase impossível de escapar”, tendo em conta as “centenas de quilómetros de tundra de um lado e as montanhas dos Urais polares do outro”, assegurou o ex-coordenador regional da equipa de Navalny em Tyumen, Ivan Vostrikov.

Além de ser uma das prisões mais remotas da Rússia, a Colónia Penal Número 3 (IK-3), que foi fundada em 1961, é descendente dos gulags da era soviética, os famosos campos de trabalhos forçados em que milhares de russos morreram, entre 1930 e 1950.

De facto, relatos de atuais e antigos prisioneiros dão conta das condições precárias naquela cadeia, cujo ambiente é marcado por brutalidade física e psicológica. Se uns denunciam a falta de roupa e de produtos essenciais, outros acusam os guardas de tortura e de lhes infligirem stress psicológico.

"Quando os prisioneiros entram na colónia, são levados para o balneário. Quando uma pessoa tira a roupa e se vai lavar, fecham a água e outras pessoas mascaradas entram e começam a bater-lhe. Comigo durou cerca de meia hora. Eram cerca de 15 pessoas, entre guardas e funcionários. Meteram-me no chão e bateram-me. […] Não deram assistência médica", contou um dos prisioneiros, Mikho Khulilidze, citado pelo The Moscow Times.

Segundo a BBC, ativistas pelos direitos humanos alegam que as autoridades russas utilizam as temperaturas, que podem atingir os -40ºC, como forma de punição. Na primavera, por seu turno, os reclusos veem-se a braços com enxames de mosquitos.

Nessa linha, o Ministério Público do distrito de Yamal-Nenets já denunciou pelo menos duas situações de incumprimento das leis laborais, dos regulamentos de segurança contra incêndios e das normas sanitárias na IK-3, desde o ano passado.

Alexei Navalny, que cumpria uma pena de 19 anos sob "regime especial", ter-se-á sentido mal depois de uma caminhada. Segundo os serviços prisionais, entrou em paragem cardiorrespiratória e, apesar das manobras de reanimação, não foi possível reverter a situação.

Saliente-se, contudo, que a equipa de Navalny não confirmou a morte do russo, até ao momento.

Leia Também: Ocidente culpa Putin por morte de Navalny. Moscovo diz ser "inadmissível"

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