Esta desmobilização encerra uma guerra de dois anos, anunciou o ex-líder militar dos rebeldes.
"[Fornecemos aos rebeldes desmobilizados] certificados e algum apoio financeiro para garantir a sua subsistência até que iniciem vários programas de reabilitação", disse o ex-líder militar e atual vice-presidente do Governo interino de Tigray, Tadesse Werede, numa entrevista, citada pela agência Efe.
De acordo com Tadesse, embora "a maioria" doa seus ex-combatentes tenha voltado para casa, a Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF) - o partido que governava a região na época da eclosão da guerra - ainda tem tropas em áreas "ocupadas" pela região vizinha de Amhara e pela Eritreia.
O antigo líder rebelde lamentou a presença de soldados de Amhara e da Eritreia - parceiros do Exército federal durante o conflito - em solo Tigray, o que contradiz o que as duas partes acordaram no pacto de paz.
"O Governo federal deve comprometer-se a retirar as forças que não fazem parte da Força de Defesa Nacional da Etiópia (ENDF) e facilitar o regresso das pessoas deslocadas internamente", acrescentou.
Já no passado dia 10, o grupo da sociedade civil Africans For The Horn Of Africa alertou para o facto de a presença de soldados eritreus em Tigray e a lenta retoma dos serviços básicos, entre outros problemas, estarem a pôr em risco o acordo de paz.
Também lamentou novas deslocações internas este ano forçadas por ataques de soldados Amhara.
A guerra começou em 4 de novembro de 2020, quando o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, ordenou uma ofensiva contra a TPLF em resposta a um ataque a uma base militar federal e na sequência de uma escalada das tensões políticas.
Cerca de 600 mil pessoas foram mortas durante os combates, segundo o mediador da União Africana (UA) no conflito, o ex-presidente nigeriano Olusegun Obasanjo.
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