Um acordo assinado em novembro de 2022 entre o governo e os rebeldes pôs fim a dois anos de conflito, permitindo que a ajuda chegasse lentamente, mas a região registou "um aumento acentuado de casos" de pacientes que sofrem de complicações da subnutrição, refere o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), num relatório divulgado segunda-feira.
Além das cerca de 8,8 mil milhões de pessoas que necessitam de ajuda alimentar no norte da Etiópia, há milhões afetados pela seca no sul e sudeste.
Em abril de 2023, em comparação com o mesmo mês de 2022, "as admissões por desnutrição grave no Tigray aumentaram 196%", de acordo com o relatório, que aponta que estes números podem ser "parcialmente atribuíveis à melhoria do acesso às instalações sanitárias".
Em todo o país, o OCHA observou um aumento de 15% nos "internamentos por desnutrição aguda" entre janeiro e abril em comparação com o mesmo período de 2022.
O Programa Alimentar Mundial (PAM) e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês) suspenderam a ajuda alimentar ao segundo país mais populoso de África em junho, alegando que grande parte dos alimentos estava a ser desviada.
A "pausa temporária na ajuda alimentar no Tigray" está a ter "impacto negativo nas já altas taxas de desnutrição", sublinha o OCHA.
Cerca de 20 mil milhões de pessoas na Etiópia dependem da ajuda alimentar, de acordo com esta agência das Nações Unidas.
Leia Também: Etiópia foi palco do conflito armado interno mais mortífero após o Ruanda