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Etiópia foi palco do conflito armado interno mais mortífero após o Ruanda

A Etiópia foi em 2022 o palco do conflito armado mais mortífero em todo o mundo desde o genocídio do Ruanda em 1994, com mais de 104 mil mortes registadas na guerra do Tigray, no norte do país.

Etiópia foi palco do conflito armado interno mais mortífero após o Ruanda
Notícias ao Minuto

13:10 - 29/06/23 por Lusa

Mundo 2022

De acordo com o Índice Global da Paz (IGP), elaborado pelo Institute for Economics and Peace (IEP), "os combates entre as Forças de Defesa da Etiópia, a aliada Eritreia e o grupo rebelde TPLF [Frente Popular de Libertação do Tigray, na sigla em inglês] são o acontecimento mais mortífero desde 1994", segundo o estudo do instituto de análise australiano divulgado esta quarta-feira, somando mais mortes do que as 82.000 estimadas na Ucrânia.

A região de Tigray, estado etíope no norte do país, assistiu às mais graves batalhas de guerra em todo o mundo, com mais de 104.000 pessoas mortas entre agosto e novembro de 2022, antes das tréguas assinadas entre o Governo etíope e a TPLF.

O IEP assinala que a violência decorrente de um conflito separado também aumentou em Oromia, o estado natal do primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmned, durante 2022.

Outra das notas mais expressivas no quadro da degradação da África Subsariana no IGP vai para o Mali, onde as mortes relacionadas com conflitos aumentaram 154% em 2022, com a violência contra civis a aumentar 570%.

"A violência no Mali aumentou depois de a França ter retirado as suas forças do país. O Mali registou um aumento de 154% nas mortes relacionadas com o conflito, incluindo um aumento de quase quatro vezes nas mortes por violência dirigida contra civis. Em 2022, registaram-se quase 5.000 mortes no campo de batalha", escreve o IEP.

Em contrapartida, a costa ocidental de África é um "exemplo de um ciclo virtuoso de paz", em que os países melhoraram as suas pontuações no IGP nos últimos 15 anos, apesar da violência generalizada na região vizinha do Sahel e de um forte historial de conflitos violentos, sublinha o relatório.

Com exceção da Guiné Conacri, todos os países costeiros da África Ocidental registaram uma melhoria da paz entre 2008 e 2023.

O grupo de países costeiros da África Ocidental "registou uma melhoria da paz global, apesar de um historial de conflitos, de instabilidade política e de um aumento dos conflitos violentos e do terrorismo na região vizinha do Sahel. Em 2022, não se registaram mortes por terrorismo nesta região", aponta o estudo.

"As melhorias na governação e na estabilidade política, bem como o aumento dos recursos destinados ao policiamento e aos serviços de segurança, desempenharam um papel fundamental no aumento da paz", explica o IEP.

Atualmente, existem 15 países onde, pelo menos, 5% da população é refugiada ou deslocada internamente. A Síria lidera este grupo com 61% da sua população deslocada, mas no continente africano o Sudão do Sul, com mais de 42% da população refugiada ou deslocada, a Somália e a República Centro-Africana, ambas com mais de 20% de deslocados, lideram o grupo dos cinco países mais afetados por este flagelo. Só a Ucrânia se interpõe neste subgrupo com mais de 30% de deslocados ou refugiados resultantes da invasão russa em fevereiro de 2022.

Os cinco países africanos com os melhores posicionamentos no índice são as Maurícias (23ª posição), o Botswana (42ª), Serra Leoa (47ª), Senegal (52ª) e Madagáscar (55ª). Para além destes, mais três países da África Subsariana aparecem na "zona verde" do IGP - Namíbia, Gâmbia e Zâmbia.

Em contrapartida, entre os 12 países com o pior registo nos 23 indicadores que compõem o IGP, seis são da África Subsariana - República Centro-Africana, Mali, Sudão, Somália, República Democrática do Congo (RDCongo) e Sudão do Sul.

O subcontinente registou uma ligeira queda no IGP, com a pontuação média a deteriorar-se em 0,57%. Dos 44 países da África Subsariana, 21 melhoraram a sua pontuação, enquanto 22 caíram no índice e um permaneceu inalterado.

A região é menos pacífica do que a média global nos domínios da Segurança e Proteção e dos Conflitos em Curso, mas mais pacífica do que a média global no domínio da Militarização.

A deterioração global da pontuação na África Subsariana foi motivada por aumentos nos indicadores relativos aos Conflitos Internos e Conflitos Externos, bem como por um aumento no indicador das Manifestações Violentas.

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