Meteorologia

  • 26 ABRIL 2024
Tempo
16º
MIN 12º MÁX 17º

Sánchez e Mohammed VI reconhecem "nova etapa" nas relações

O primeiro-ministro de Espanha e o Rei de Marrocos consideraram hoje que a cimeira dos dois países que decorre em Rabat "será um êxito" e vai "consolidar a nova etapa das relações" bilaterais, disse o Governo espanhol.

Sánchez e Mohammed VI reconhecem "nova etapa" nas relações
Notícias ao Minuto

16:32 - 01/02/23 por Lusa

Mundo Espanha e Marrocos

Segundo um comunicado do Governo espanhol, o primeiro-ministro Pedro Sánchez e o Rei Mohammed VI falaram hoje por telefone, numa conversa a propósito da primeira cimeira dos dois países em oito anos, que decorre hoje à tarde e na quinta-feira na capital marroquina.

"Na conversa, acordaram em continuar a impulsionar a relação entre os dois países e concordaram em que a RAN [Reunião de Alto Nível, a cimeira] será um êxito, contribuindo assim para consolidar a nova etapa das relações entre Marrocos e Espanha", lê-se no comunicado.

Mohammed VI convidou Pedro Sánchez para fazer uma visita oficial em breve a Rabat e o primeiro-ministro aceitou, segundo a mesma nota.

A conversa telefónica substituiu assim um encontro presencial de Sánchez com Mohammed VI, que fontes do Governo espanhol consideravam ser uma possibilidade durante os dois dias da cimeira que decorre em Rabat.

Espanha e Marrocos realizam hoje e quinta-feira a primeira cimeira desde 2015, que fontes do executivo espanhol consideram histórica e um atestado ao melhor momento de sempre das relações bilaterais, que ciclicamente atravessam crises.

A crise mais recente prolongou-se entre abril de 2021 e março de 2022, por causa do Saara Ocidental, antiga colónia espanhola ocupada por Marrocos há quase 48 anos, no contexto de um processo de descolonização.

O diferendo estalou por o líder do movimento Frente Polisário, que defende a autodeterminação do povo sarauí e a independência do Saara Ocidental, ter sido tratado num hospital espanhol quando estava doente com covid-19.

Para resolver a crise, Espanha mudou a posição em relação ao Saara Ocidental, numa carta de Pedro Sánchez a Mohammed VI na qual afirmou que a proposta apresentada por Rabat em 2007, para que o território seja uma região autónoma controlada por Marrocos, é "a base mais séria, credível e realista para a resolução deste litígio".

Espanha defendia até então que o controlo de Marrocos sobre o Saara Ocidental era uma ocupação e que a realização de um referendo patrocinado pela ONU deveria ser a forma de decidir a descolonização do território.

O delegado da Frente Polisário em Espanha, Abdulah Arabi, disse hoje, numa entrevista à agência de notícias Europa Press, que o movimento teme que da cimeira de Rabat saiam acordos que, de forma implícita, se traduzam num reconhecimento da soberania marroquina sobre o Saara Ocidental.

Abdulah Arabi referiu que podem estar em causa questões relacionadas com o espaço aéreo e marítimo ou a abertura em El Aaiún, a maior cidade do Saara Ocidental, de uma sede do Instituto Cervantes, organismo de difusão da língua espanhola.

Para o representante da Frente Polisário, um acordo destes legitimaria uma "ocupação ilegal" do Saara Ocidental.

Abdulah Arabi apelou a que Espanha volte "à postura tradicional como potência administradora" do Saara Ocidental e que recue numa "decisão que contraria o direito internacional".

Durante a crise diplomática Madrid-Rabat de abril de 2021 a março de 2022, as trocas comerciais caíram, Marrocos fechou fábricas espanholas que estavam no país e permitiu a passagem, em maio de 2021, de milhares de pessoas, entre elas, centenas de menores não acompanhados, pelas fronteiras de Ceuta e Melilla, duas cidades espanholas no norte de África, rodeadas de território marroquino.

Depois de recuperadas as relações bilaterais, com a carta de Sánchez, Espanha e Marrocos fizeram uma declaração conjunta que normalizou o tráfego fronteiriço e as relações entre os dois países.

Nessa declaração, Marrocos reconheceu implicitamente ter fronteiras terrestres com Espanha, ao acordar a instalação de alfândegas em Ceuta e Melilla, que tradicionalmente reclama, considerando-as "cidades ocupadas".

Em 2022, as trocas comerciais entre os dois países aumentaram 33% em relação a 2021, alcançando os 10 mil milhões de euros, e os fluxos migratórios ilegais que chegaram a Espanha desde Marrocos diminuíram 25%.

Para a cimeira de Rabat, o socialista Pedro Sánchez levou consigo mais de dez ministros, nenhum deles do parceiro de coligação no Governo espanhol, a Unidas Podemos, que discorda da mudança de posição em relação ao Saara Ocidental.

Leia Também: Ucrânia. Sánchez diz que Europa tem de começar a falar mais na paz

Recomendados para si

;
Campo obrigatório