A UE enviou esta missão a 20 de outubro, na sequência de um acordo entre o Conselho Europeu e os líderes da Arménia, Azerbaijão e França, com o objetivo de acompanhar, analisar e reportar a situação no terreno.
"O destacamento de 40 especialistas europeus em observação provou a sua eficácia e contribuiu para aumentar a confiança numa situação instável", sublinhou o alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell, em comunicado.
O diplomata espanhol explicou que começou agora "uma nova fase no envolvimento da UE no sul do Cáucaso", com uma equipa de transição que "preparará o terreno para uma eventual missão da UE a longo prazo na Arménia, com o objetivo último de contribuir para uma paz sustentável na região".
O Conselho da UE decidiu, em sintonia com as autoridades arménias, que a atual missão de monitorização da UE na Geórgia (EUMM Georgia) destaque uma equipe de assistência na Arménia para ter uma melhor compreensão da situação de segurança e contribuir para o planeamento e preparação de uma possível missão civil da Política Comum de Segurança e Defesa da UE no país.
Espera-se também que a equipa de transição apoie o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, no processo de normalização das relações entre a Arménia e o Azerbaijão facilitado pela UE.
Fontes comunitárias consideram que a missão concluída esta segunda-feira foi fundamental para criar uma maior sensação de segurança e estabilidade na zona, e que demonstrou o interesse e empenho da UE na região, noticiou a agência Efe.
Em 22 de setembro, a Arménia solicitou por carta à UE o envio de uma missão civil comunitária naquele país.
Por ocasião de um encontro em 06 de outubro em Praga entre o Presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, o primeiro-ministro da Arménia, Nikol Pashinyan, o Presidente da França, Emmanuel Macron, e Charles Michel, Arménia e Azerbaijão confirmaram o seu compromisso com a Carta das Nações Unidas e a Declaração de Alma Ata de 1991, na qual ambos os estados reconhecem mutuamente a sua integridade territorial e soberania.
Confirmaram também que servirá de base para os trabalhos das respetivas comissões de delimitação de fronteiras, cuja última reunião decorreu em Bruxelas a 03 de novembro.
Em 17 de outubro, o Conselho da UE adotou uma decisão para o destacamento na Arménia de observadores da UE da EUMM Geórgia até esta segunda-feira.
Arménia e Azerbaijão estiveram envolvidos em vários confrontos nos últimos anos pelo controlo de Nagorno-Karabagh, território de maioria arménia que tem sido foco de conflito desde que decidiu se separar em 1988 da região do Azerbaijão integrada na União Soviética.
Este enclave declarou a independência do Azerbaijão muçulmano após uma guerra no início da década de 1990, que provocou cerca de 30.000 mortos e centenas de milhares de refugiados.
Na sequência deste conflito, foi assinado um cessar-fogo em 1994 e aceite a mediação do Grupo de Minsk (Rússia, França e Estados Unidos), constituído no seio da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), mas as escaramuças armadas continuaram a ser frequentes, e implicaram importantes confrontos em 2018.
Cerca de dois anos depois, no outono de 2020, a Arménia e o Azerbaijão enfrentaram-se durante seis semanas pelo controlo do Nagorno-Karabakh durante uma nova guerra que provocou 6.500 mortos e com uma pesada derrota arménia, que perdeu uma parte importante dos territórios que controlava há três décadas.
Após a assinatura de um acordo sob mediação russa, o Azerbaijão, apoiado militarmente pela Turquia, registou importantes ganhos territoriais e Moscovo enviou uma força de paz de 2.000 soldados para a região do Nagorno-Karabakh.
Apesar do tímido desanuviamento diplomático, os incidentes armados permaneceram frequentes na zona ou ao longo da fronteira oficial entre os dois países, culminado nos graves incidentes fronteiriços de setembro, os mais graves desde 2020.
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