O Ministério da Defesa arménio referiu que "por volta da 01h10 de 15 de dezembro (21:10 de quarta-feira em Lisboa), unidades das Forças Armadas azeris abriram fogo com armas de diferentes calibres contra posições de combate arménias em Norabak e Srashen".
"Não há vítimas do lado arménio", acrescentou o governo em comunicado, acrescentando que por agora "a situação na área de fronteira entre a Arménia e o Azerbaijão é relativamente estável".
Por outro lado, o Ministério da Defesa do Azerbaijão salientou que as tropas arménias começaram a disparar na noite de quarta-feira contra a região de Kalbajar e a área de Lachin.
"Em 15 de dezembro, às 08h15 (04h15 em Lisboa), membros de um destacamento armado arménio ilegal no território do Azerbaijão, onde tropas russas de manutenção da paz estão temporariamente posicionadas, dispararam contra posições do Exército azeri", denunciou.
"Unidades do Exército do Azerbaijão estacionadas nesses locais tomaram medidas de resposta apropriadas", acrescentou.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, manifestou-se esta quarta-feira preocupado com a tensão em Lachin e exortou as partes a "reduzir as tensões e garantir a liberdade e segurança de circulação ao longo do corredor, de acordo com os acordos previamente alcançados".
As autoridades azeri decidiram bloquear a zona e suspender o abastecimento de gás, pelo que as autoridades locais - que passaram a armazenar combustível para evitar uma grande crise face ao bloqueio - pediram à população que utilizasse o automóvel apenas quando necessário, dando prioridade a ambulâncias e serviços mínimos.
Arménia e Azerbaijão estiveram envolvidos em vários confrontos nos últimos anos pelo controlo de Nagorno-Karabagh, território de maioria arménia que tem sido foco de conflito desde que decidiu se separar em 1988 da região do Azerbaijão integrada na União Soviética.
Este enclave declarou a independência do Azerbaijão muçulmano após uma guerra no início da década de 1990, que provocou cerca de 30.000 mortos e centenas de milhares de refugiados.
Na sequência deste conflito, foi assinado um cessar-fogo em 1994 e aceite a mediação do Grupo de Minsk (Rússia, França e Estados Unidos), constituído no seio da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), mas as escaramuças armadas continuaram a ser frequentes, e implicaram importantes confrontos em 2018.
Cerca de dois anos depois, no outono de 2020, a Arménia e o Azerbaijão enfrentaram-se durante seis semanas pelo controlo do Nagorno-Karabakh durante uma nova guerra que provocou 6.500 mortos e com uma pesada derrota arménia, que perdeu uma parte importante dos territórios que controlava há três décadas.
Após a assinatura de um acordo sob mediação russa, o Azerbaijão, apoiado militarmente pela Turquia, registou importantes ganhos territoriais e Moscovo enviou uma força de paz de 2.000 soldados para a região do Nagorno-Karabakh.
Apesar do tímido desanuviamento diplomático, os incidentes armados permaneceram frequentes na zona ou ao longo da fronteira oficial entre os dois países, culminado nos graves incidentes fronteiriços de setembro, os mais graves desde 2020.
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