Autoridades ucranianas investigam locais de alegada tortura em Kherson
Os ucranianos acusam os russos de torturar civis na periferia da cidade recentemente libertada, à semelhança do que já foi encontrado e confirmado em outros locais, como Bucha e Izium.
© Getty Images
Mundo Ucrânia/Rússia
As autoridades ucranianas estão a investigar alegadas denúncias de tortura por parte de civis na cidade de Kherson, que os russos ocuparam durante quase nove meses até a sua libertação este mês. Segundo avança esta terça-feira a Associated Press (AP), a polícia ucraniana já encontrou cinco locais de alegada tortura na cidade, e outros quatro na região com o mesmo nome.
Cinco pessoas contaram à agência de notícias norte-americana que foram torturadas, agredidas, presas, interrogadas e eletrocutadas em câmaras fechadas, e questionadas sobre possíveis ligações às forças armadas ucranianas.
Os relatos são, para especialistas em direitos humanos consultados pela AP, apenas a ponta do icebergue no que diz respeito a abusos de direitos humanos pelas forças russas em Kherson.
"Durante meses temos recebido informações sobre tortura e outro tipo de repressão de civis. Tenho medo das descobertas horríveis em Kherson ainda por fazer", disse à AP a ativista Oleksandra Matviichuk, diretora do Centro de Liberdades Cívicas ucraniano, organização que foi uma das condecoradas com o Prémio Nobel da Paz de 2022.
These are torture chambers that were set up in a former detention center in Kherson. It was also used by the Kadyrovites as a base of deployment.
— The New Voice of Ukraine (@NewVoiceUkraine) November 28, 2022
At least 60 people passed through it, and these are only those who have been identified – the real number may be many times higher. pic.twitter.com/mAyJuvNkXd
A polícia ucraniana alega ter encontrado provas para mais de 460 crimes de guerra cometidos pelos russos em Kherson. Segundo Andrii Kovanyi, porta-voz da polícia de Kherson, a tortura levada a cabo pelos russos terá ocorrido e duas esquadras, numa cadeia, uma prisão e uma clínica privada, onde foram encontrados bastões de borracha, bastões de basebol e uma máquina usada para aplicar choques elétricos.
As autoridades admitem ainda que está a ser difícil trabalhar nestas alegações, já que todos os dias surgem novos relatos sobre possível tortura contra civis, e o sistema judicial está sobrecarregado.
As histórias ouvidas em Kherson são semelhantes a outros locais de tortura, descobertos durante a contraofensiva ucraniana em várias partes do país, nomeadamente em Izium, na região de Donetsk. Foram também encontradas valas comuns na periferia da cidade de Kherson, outra prática que tem sido comum pelos soldados russos em zonas ocupadas. As primeiras valas foram encontradas em Bucha, depois da retirada das forças invasoras da região de Kyiv, e foram visitadas por vários líderes europeus que condenaram as forças russas e acusaram-nas de crimes contra a humanidade.
O conflito na Ucrânia já fez quase 6.600 mortos civis, segundo os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. No entanto, a entidade adverte que o real número de mortos poderá ser muito superior, devido às dificuldades em contabilizar os mortos em zonas sitiadas ou ocupadas pelos russos, como em Mariupol, por exemplo, onde se estima que tenham morrido milhares de pessoas.
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