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Partido alemão Die Linke em risco de se separar devido à guerra

O partido de esquerda, ligado ao Bloco de Esquerda, continua indeciso sobre a aplicação de sanções contra a Rússia e pode terminar por causa de um discurso contra o governo alemão.

Partido alemão Die Linke em risco de se separar devido à guerra
Notícias ao Minuto

21:35 - 19/09/22 por Notícias ao Minuto

Mundo Alemanha

O partido de esquerda alemão Die Linke pode estar em vias de se separar em duas fações, com a guerra na Ucrânia e a indecisão do grupo em relação à aplicação de sanções contra a Rússia a resultarem numa série de demissões esta semana.

O partido pode estar mesmo em risco no Bundestag - depois de ter obtido o seu pior resultado de sempre em 2021, desde a sua fundação em 2017, o Die Linke obteve apenas três deputados no parlamento nacional, apesar de manter uma forte presença nas câmaras regionais.

Segundo explica o The Guardian, demissões entre os 39 delegados do partido podem resultar no Die Linke ('A Esquerda', em alemão) na perda do grupo parlamentar e de comités onde tem assento.

E as demissões podem mesmo acontecer porque, segundo diz o jornal britânico, citando fontes de dentro do partido, falta apenas saber-se quando é que a dissolução ocorrerá. Esta última semana ficou marcada por quezílias públicas entre os membros do partido e no Bundestag contra a indecisão do Die Linke em apoiar as sanções contra a Rússia.

O momento mais impactante da semana surgiu num discurso da antiga líder do partido, Sahra Wagenknecht, que acusou o governo de Olaf Scholz de ser "o mais estúpido da Europa" por impor sanções à Rússia.

"Claro que a guerra na Ucrânia é um crime. Mas quão estúpida é a ideia de castigar Putin, empurrando milhões de famílias alemãs para a pobreza e destruindo a nossa economia, enquanto a Gazprom regista lucros recorde", questionou, num discurso que, estranhamente, teve aplausos no seu partido e no extremo completamente oposto, pelos neofascistas AfD.

Wagenknecht nem sequer é deputada do Die Linke, mas a liderança do grupo escolheu-a para falar sobre o orçamento para o clima.

O jornal alemão Taz noticiou que os apoiantes da antiga líder podem mesmo abandonar o Die Linke para a apoiar, num novo partido que concorreria às eleições europeias de 2024.

O discurso de Wagenknecht provocou algum mau estar no partido, por esta colocar a culpa do conflito do lado do Ocidente e falar de uma "guerra económica", e alguns especialistas ligados ao Die Linke, entrevistados pelo The Guardian, compararam as suas palavras com a propaganda do Kremlin.

No final, dois proeminentes membros do Die Linke abandonaram o partido, entre os quais o líder de uma importante associação não-governamental e um antigo deputado que se manteve como um dos mais importantes especialistas económicos ligados ao grupo.

"Foi demasiado", disse Ulrich Schneider, através do Twitter.

No papel, o Die Linke tem recusado a entrega de armas para a Ucrânia, mas tem votado a favor de sanções económicas, e acusou oficialmente as ações da Rússia de serem "imperialistas".

Formado em 2007, o Die Linke nasceu a partir da junção entre o sucessor do partido Unidade Socialista, que vinha da Alemanha de Leste, e membros dos sociais democratas desencantados com a liderança de Gerhard Schröder. Entre 2013 e 2017, o Die Linke foi uma das maiores forças da oposição alemã, em contraponto com o governo democrata cristão de Angela Merkel.

O grupo mantém ainda uma ligação com o Bloco de Esquerda: Catarina Martins chegou mesmo a viajar a Berlim, em 2017, onde discursou no seu comício, e o Esquerda.net, um site ligado ao partido português, elogiou por várias vezes a ascensão da esquerda alemã.

No entanto, ao contrário do Bloco de Esquerda, o Die Linke deu sempre um passo a mais em direção ao nacionalismo, criticando muitas vezes políticas de acolhimento a refugiados em momentos mais próximos da AfD, e não da esquerda.

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