Meteorologia

  • 07 MAIO 2024
Tempo
18º
MIN 12º MÁX 26º

Genocídio. Ex-autarca condenado por cumplicidade vai ser julgado de novo

O ex-presidente de câmara ruandês Laurent Bucyibaruta, condenado em Paris a 20 anos de cadeia por cumplicidade no genocídio de 1994, vai ser novamente julgado, por ter recorrido, noticiou hoje a AFP, que cita fonte da Procuradoria Nacional Antiterrorista.

Genocídio. Ex-autarca condenado por cumplicidade vai ser julgado de novo
Notícias ao Minuto

16:28 - 20/07/22 por Lusa

Mundo Ruanda

Julgado mais de 28 anos depois do massacre de tutsis no Ruanda, o ex-autarca, agora com 78 anos, foi absolvido em 12 de julho como autor de genocídio, mas reconhecido como cúmplice de genocídio e crimes contra a Humanidade por quatro massacres.

Laurent Bucyibaruta, cuja defesa havia pedido a absolvição, recorreu na segunda-feira, disse a fonte da Procuradoria Nacional Antiterrorista (Pnat).

O Ministério Público também recorreu na terça-feira, de acordo com uma fonte judicial.

A Pnat, que representava a acusação, havia pedido prisão perpétua para Laurent Bucyibaruta, considerando-o cúmplice de um massacre de tutsis e autor de outros quatro na sua edilidade, em Gikongoro.

Essa região do sul de Ruanda, da qual Bucyibaruta era presidente de câmara desde 1992, foi uma das mais afetadas pelo genocídio que, segundo a ONU, matou pelo menos 800 mil pessoas no país entre abril e julho de 1994.

O Tribunal de Justiça de Paris absolveu totalmente Laurent Bucyibaruta das acusações de genocídio e crimes contra a Humanidade cometidos na paróquia de Kibeho, em 14 de abril de 1994, bem como as relativas às execuções de prisioneiros tutsis na prisão de Gikongoro.

O tribunal considerou-o cúmplice de genocídio e da prática de crimes contra a Humanidade pelos massacres da escola em construção em Murambi e nas paróquias de Cyanika e Kaduha, onde cerca de 75.000 pessoas foram mortas em 21 de abril de 1994.

O tribunal também condenou o ex-presidente de câmara por cumplicidade nesses crimes pelas execuções de estudantes da escola Marie Merci em Kibeho, e os cometidos durante as rondas e bloqueios de estradas.

Relativamente aos atos cometidos na paróquia de Kibeho, "o primeiro de toda a série", o tribunal considerou que "não havia elementos suficientes para dizer que tinha dado instruções", nem que então conhecesse "toda a extensão do plano de genocídio" em curso, explicou o juiz que presidiu ao julgamento, Jean-Marc Lavergne, durante a deliberação.

Laurent Bucyibaruta foi o mais alto funcionário ruandês julgado em França por crimes relacionados com o genocídio dos tutsis, após as condenações finais de um militar e dois autarcas, e a condenação em primeira instância de um motorista que recorreu.

Em pouco mais de três meses em 1994, de 07 de abril a 15 de julho, pelo menos 800.000 pessoas foram mortas no que é considerado um dos piores massacres étnicos da história humana recente.

A origem das tensões que desencadearam o genocídio remonta ao final do século XIX, quando os governos coloniais alemães e, posteriormente, belgas separaram a população ruandesa em dois grupos fechados: os tutsis, que representavam 14% da população, e a maioria hutu.

As hostilidades entre os dois grupos - que dependendo de cada momento de sua história tiveram mais ou menos privilégios graças à marginalização ou exploração do outro - deram origem a uma guerra civil entre o governo pró-hutu ruandês e os rebeldes da Frente Patriótica Ruandesa, de 1990 a 1994, quando finalmente foi desencadeado o genocídio contra os tutsis.

Leia Também: Deputados britânicos criticam eficácia de deportação para o Ruanda

Recomendados para si

;
Campo obrigatório