Etiópia deteve mais de 4.500 pessoas, incluindo jornalistas e ativistas
As autoridades etíopes estão a desenvolver uma operação em larga escala, que levou já à detenção de mais de 4.500 pessoas, incluindo jornalistas e ativistas, sob pretexto de "proteger os civis e garantir a sobrevivência da nação".
© Minasse Wondimu Hailu/Anadolu Agency via Getty Images
Mundo Etiópia
A repressão, concentrada no estado de Amhara, noroeste da Etiópia, apelidada de "operação de aplicação da lei", entrou em vigor após a administração do primeiro-ministro Abiy Ahmed, ter anunciado na passada sexta-feira a necessidade de "proteger os cidadãos e assegurar a sobrevivência da nação".
Esta manhã, as autoridades de segurança de Amhara anunciaram ter detido mais de 4.500 pessoas.
Desalegn Tassew, chefe dos serviços de paz e segurança na região, anunciou aos meios de comunicação estatais que as detenções foram efetuadas "para manter a lei e a ordem, lidar com atividades criminosas e livrar-se de inimigos externos", segundo a agência Associated Press.
A operação suscitou o alarme de grupos ativistas de defesa dos direitos humanos. Tigista Shumye, irmã de um destacado jornalista etíope, Solomon Shumye, disse à AP que este foi detido em sua casa por pessoas em traje civil na sexta-feira.
"Eles não estavam dispostos a dizer-nos quem eram. Até a mim me detiveram durante duas horas, só porque sou irmã de um jornalista", afirmou.
Alguns partidos políticos e meios de comunicação social do país têm acusado o governo da Etiópia de levar a cabo "raptos", uma prática a que alguns ativistas consideram como uma nova tática.
Segundo alguns ativistas em Amhara, o grupo armado Fano, implicado em atrocidades na guerra do estado vizinho de Tigray, é também alvo desta operação.
A AP dá conta de que alguns jornalistas estão a abandonar o país, em resposta a ameaças e intimidação por parte do governo e de atores não estatais, tanto através da internet como fora dela.
Recentemente, a administração etíope revogou a licença de um jornalista acreditado para trabalhar para a The Economist.
No início de Maio, a Associação Etíope de Profissionais de Comunicação Social apelou ao governo para pôr fim à prisão de jornalistas, alegando verificar uma tendência crescente de detenções arbitrárias. "O ataque interminável das forças de segurança governamentais contra os meios de comunicação social (...) pode traumatizar a indústria por enquanto, mas essa prática acabará por ter custos para o próprio governo", afirmou a organização numa declaração, citada pela AP.
A guerra na Etiópia diminuiu nos últimos meses depois de o governo ter anunciado uma trégua humanitária e de as forças do estado de Tigray a terem aceite.
Em contrapartida, assassinatos, violações de direitos e detenções em larga escala estão a ser relatados em várias partes do país, nomeadamente nos estados de Oromia e Amhara.
Na última sexta-feira, o Departamento de Estado norte-americano anunciou que a sua delegação para a Prevenção e Resposta a Atrocidades estaria em Haia entre 22 a 25 deste mês em "conversações de alto nível com aliados e parceiros sobre respostas a atrocidades cometidas na Ucrânia, Birmânia, Etiópia e outras localidades palcos de violência".
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