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Eslovénia escolhe hoje entre modelo húngaro ou regresso a Europa liberal

A Eslovénia decide hoje em eleições gerais entre reeleger o populista Janes Jansa, com discurso semelhante ao do ultranacionalista húngaro Viktor Orbán, ou optar pela proposta da oposição ecologista de regresso aos valores liberais da Europa ocidental.

Eslovénia escolhe hoje entre modelo húngaro ou regresso a Europa liberal
Notícias ao Minuto

06:46 - 24/04/22 por Lusa

Mundo Eleições

As últimas sondagens não apontam para uma vitória de Jansa, primeiro-ministro desde 2020 e nos períodos 2004-2008 e 2012-2013, e conhecido como "o Orbán esloveno", embora prevejam que os resultados do escrutínio serão muito próximos.

Cerca de 61% do eleitorado mostra-se descontente com o Governo de Jansa, e as sondagens indicam o seu Partido Democrata Esloveno (SDS) como o segundo mais votado, com 25% das intenções de voto.

Empatado ou com apenas mais um ponto percentual surge Robert Golob, um desconhecido para a maioria dos eslovenos até que, em janeiro passado, lançou o Gibanje Svoboda (GS, Movimento Liberdade), um partido ecologista e liberal que afirma situar-se "entre o centro e o centro-esquerda".

Não é claro como poderá afetar o resultado do escrutínio o facto de Golob ter sido infetado com covid-19 e não ter podido participar pessoalmente nas últimas ações de campanha.

Além do empate técnico anunciado pelas sondagens, o GS parece ter mais potenciais parceiros de Governo que o SDS, já que é possível um acordo com a coligação de centro-esquerda KUL, que poderá obter até cerca de 18% dos votos.

Jansa, por seu lado, poderá contar com 8% dos votos que se prevê obtenha a conservadora Nova Eslovénia, com ele coligada no atual Governo, e com o PoS, um novo partido de centro ao qual as sondagens atribuem 4% dos votos.

Outros três partidos do centro que agora fazem parte do executivo que Jansa formou em 2020 não parecem ter hipóteses de obter assento parlamentar.

O primeiro-ministro cessante tem suscitado repetidas críticas da Comissão Europeia e de organizações não-governamentais nacionais e internacionais, devido aos seus ataques à liberdade de imprensa, à independência da Justiça e à sociedade civil.

Segundo analistas políticos, a campanha foi reflexo de quão grande foi já a intervenção do Governo na comunicação social, não tendo a televisão pública sequer permitido que o novo partido GS participasse no debate eleitoral que organizou -- algo que consideram só poderá mudar com intervenção judicial.

Durante os seus primeiros dois mandatos, os adversários políticos de Jansa batizaram-no como "príncipe das trevas" por causa dos seus ataques a jornalistas e do seu envolvimento num dos maiores casos de corrupção política na história do país.

Em 2013, foi condenado a dois anos de prisão por ter recebido em 2006 comissões pela compra de blindados finlandeses, mas, após seis meses de prisão, o Tribunal Constitucional ordenou a sua libertação e a repetição do julgamento, que não chegou a acontecer porque os crimes prescreveram.

Para obter o seu quarto mandato na chefia do Governo de Liubliana, Janes Jansa evitou nesta campanha as mensagens anti-imigração e as críticas à União Europeia com que ganhou as eleições de 2018 e centrou-se no bom desempenho da economia do país, que em 2021 registou, com 8,1%, um dos maiores crescimentos do bloco comunitário.

Insistiu que os salários subiram no ano passado cerca de 5% e que o desemprego está em mínimos históricos e prometeu que a Eslovénia estará até 2030 entre os 15 países economicamente mais desenvolvidos do mundo.

A sua relação com Orbán, que até muito recentemente era próxima, arrefeceu devido à fraca condenação pelo ultranacionalista húngaro da invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro, e à sua recusa em impor sanções à compra de gás e petróleo à Rússia.

Em meados de março, juntamente com os seus homólogos da Polónia, Mateusz Morawiecki, e da República Checa, Petr Fiala, Jansa viajou até Kiev, ameaçada pelas tropas russas, para manifestar ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, o seu total apoio.

Aproveitou, então, a visita para se promover nas redes sociais, caracterizando-se a si mesmo como "herói", comparando-se com Zelensky e publicando fotos suas de 1991, de farda militar, em que, como ministro da Defesa, venceu a guerra de dez dias na qual a Eslovénia se tornou independente da Jugoslávia.

O GS, de Robert Golob, adverte de que Jansa está a destruir o Estado de direito na Eslovénia e que "estão em perigo os fundamentos democráticos" do país.

Este partido aposta numa transição para as energias verdes e recorda que a guerra na Ucrânia demonstra a "vulnerabilidade e a dependência da importação de combustíveis fósseis".

Golob, um engenheiro eletrotécnico de 55 anos que foi secretário de Estado e dirigia até agora a maior empresa elétrica do país, conseguiu em poucas semanas fazer com que o GS se tornasse uma alternativa de Governo.

Leia Também: Estónia, Letónia, Suécia e Eslovénia expulsam diplomatas russos

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