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Catalunha independente teria "melhores relações com Portugal"

O responsável político do governo autónomo da Catalunha, Francesc Homs, considerou hoje em Lisboa que o processo desencadeado na região é "irreversível" e sugeriu que um futuro Estado catalão teria relações "mais construtivas" com o Estado espanhol e com Portugal.

Catalunha independente teria "melhores relações com Portugal"
Notícias ao Minuto

20:48 - 24/02/14 por Lusa

Mundo Conselheiros

"O processo iniciado pela Catalunha é irreversível, não procura apenas benefícios próprios, qualquer nação pretende um Estado que lhe seja favorável (...) como também será melhor para as relações com os restantes povos da península. Com Espanha, e evidentemente com Portugal", defendeu o economista de 62 anos e conselheiro da presidência da Generalitat, o governo autónomo da Catalunha liderado por Artur Mas, o 129.º presidente de uma região com história turbulenta nas relações com o poder central.

"Agora que estamos no período mais longo da história de Espanha com democracia plena (...) estamos convencidos que um futuro Estado catalão teria relações mais construtivas, com uma cooperação mais eficaz, com o Estado Espanhol", sublinhou Homs durante um colóquio sobre o processo político na Catalunha, organizado pela faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e o Conselho de Diplomacia Pública (Diplocat) da Catalunha.

Na conferência de abertura, e para além das intervenções de Albert Royo, secretário-geral do Diplocat (uma espécie de embrião de um futuro ministério dos Negócios Estrangeiros), e Francesc Vendrell, professor de Relações internacionais da Universidade Johns Hopkins -- antes de uma mesa redonda alargada -- o principal conselheiro do presidente da Generalitat Artur Mas, e também membro do partido Convergência e União (CiU, nacionalistas) destacou os principais compromissos deste processo.

Os principais partidos catalães decidiram convocar para 9 de novembro um referendo que poderá conduzir à independência desta região autónoma espanhola, um projeto rejeitado na quinta-feira pelo parlamento de Madrid através de uma moção que denunciou "o plano secessionista da Generalitat" da Catalunha.

"O que neste momento pretendemos é a possibilidade de dar a voz ao povo da Catalunha. E com isso distinguimos o que é uma consulta, ou um referendo, do que é a posição que alguém pode defender nesta votação que é a independência. Outros defenderão outra posição, que não a independência", sugeriu Francesc Homs em declarações à Lusa após a sua intervenção.

"A partir daqui, a confusão de referendo com independência é intencional, mas sem sustentação. A entidade catalã, que há décadas exerce o seu autogoverno no interior de Espanha, chegou à conclusão que não é possível este autogoverno defender a língua, a cultura e os próprios interesses da Catalunha no interior de Espanha, e que existe uma parte muito importante da povo da Catalunha que quer optar pela independência...", explicitou.

E concluiu a argumentação: "Em democracia como se resolvem estas questões? Votando. É o que estamos a defender, e a partir daí cada um defenderá a sua posição".

O responsável político catalão sustentou ainda à Lusa que o governo espanhol acabará por dialogar com a Catalunha após o referendo de 9 de novembro e por uma "razão básica".

"O que for expresso de forma democrática e pacífica na Catalunha terá de ser considerado pelo governo espanhol. Mesmo que agora digam não, não, não, no final e após uma iniciativa democrática, e na medida em que Espanha é um país democrático, o governo espanhol terá de admiti-lo. É o mais lógico, mesmo que seja muito básico, mas é o mais lógico".

Críticas à União Europeia (UE), que deverá ter capacidade para "encontrar uma solução política" e que deve continuar a funcionar como "modelo de integração dos povos", a atitude diversa face às ambições independentistas da Escócia emitida pelo governo de Londres, ou a rejeição em reduzir o debate a "questões fiscais" foram outras questões abordadas pelo responsável catalão.

"Mas [a questão fiscal] também explica o debate político que decorre na Catalunha neste momento", reconheceu na intervenção.

"Somos um dos países com mais pressão fiscal, mas com situação insólita face ao conjunto da Europa. Em 2010 parte significativa do PIB anual catalão (26.543 milhões de euros), dos impostos pagos pelos catalães, foi utilizado obrigatoriamente para financiar os territórios do Estado espanhol com menos recursos, mas que não têm a pressão fiscal que temos na Catalunha. Uma situação insustentável."

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