Kiev apela à intervenção do Ocidente após escalada na linha da frente
A Ucrânia denunciou hoje um aumento da violência na linha da frente com os separatistas pró-russos no leste e apelou à intervenção do Ocidente, enquanto Moscovo disse recear uma "guerra total" nessa zona.
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Mundo Ucrânia
"Nas últimas semanas registamos uma escalada do conflito", referiu o chefe da administração presidencial ucraniana, Andriï Iermak, no decurso de uma videoconferência.
"Estão em curso provocações premeditadas contra as forças armadas ucranianas para pôr termo" à frágil trégua em vigor desde julho de 2020, a mais longa deste o início da guerra em 2014, prosseguiu.
Iermak exortou Washington e os aliados europeus de Kiev, em particular Londres e Berlim, copatrocinadores do processo de paz, a "intensificarem" os seus "esforços" para acalmar a situação.
A guerra no Donbass (leste), que desde o seu início já provocou cerca de 13.000 mortos e dezenas de milhares de deslocados, iniciou-se pouco após a fuga para a Rússia do ex-presidente ucraniano pró-russo, Viktor Yanukovych, e a chegada ao poder de um pró-ocidental, Petro Poroshenko.
Na sequência desta alteração de regime a Rússia anexou por sua vez a península da Crimeia, com maioria de população russófona.
Após meses de encarniçadas batalhas, as hostilidades apaziguaram-se consideravelmente com a assinatura dos acordos de paz de Minsk em fevereiro de 2015.
Quatro anos mais tarde, o ex-comediante Volodymyr Zelenskiy foi eleito para a Presidência da Ucrânia com a promessa de terminar com a guerra.
Mas após tímidos avanços -- uma cimeira, algumas trocas de prisioneiros e retirada de tropas em diversas pequenas zonas da linha da frente -- o processo de paz encontra-se de novo num impasse.
Em 2002, as fações beligerantes conseguiram chegar a acordo sobre uma nova trégua, que foi mais ou menos respeitada durante meses, e que prognosticava um acordo mais duradouro.
Em 2020, a Ucrânia referiu-se a 50 soldados mortos nas suas fileiras contra 100 em 2019, uma redução também motivada pelo cessar-fogo, mas desde o início deste ano que a tensão voltou a agravar-se.
Desde meados de fevereiro foram mortos oito militares ucranianos na linha da frente e Kiev acusou Moscovo e os separatistas de utilizarem armas proibidas pelos acordos de paz de Minsk.
Por sua vez, os separatistas anunciaram hoje a morte de três combatentes.
Na quinta-feira, o Kremlin manifestou "profunda preocupação pelas crescentes tensões" na linha da frente e rejeitou a responsabilidade que lhe foi atribuída por Kiev.
"Observamos cada vez mais bombardeamentos provenientes do lado ucraniano", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, e alertando contra o reinício de uma "guerra total".
Apesar destes desmentidos, a Rússia é considerada por Kiev e nas capitais ocidentais como o patrocinador dos separatistas, fornecendo-lhes tropas, armas e financiamento.
"A Rússia é uma parte neste conflito e não um mediador", assinalou na terça-feira o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, durante uma visita à linha da frente da Ucrânia.
Na perspetiva de Steven Pifer, ex-embaixador norte-americano na Ucrânia e hoje membro do centro de análise Brooking, em Washington, este novo surto de violência poderá significar uma resposta de Moscovo às sanções de Kiev contra o riquíssimo deputado ucraniano Viktor Medvedtchouk, muito próximo de Vladimir Putin.
No entanto, e citado pela agência noticiosa AFP, refutou a ameaça de uma "guerra total" contra a Ucrânia.
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