A denúncia feita contra vários líderes do Estado equatoriano tem como base supostas violações de direitos humanos na sequência das manifestações de outubro de 2019, noticia a agência EFE.
Após um ano daqueles protestos, vários representantes de povos e nacionalidades ancestrais do país da América do Sul juntaram-se hoje para um momento simbólico na capital, no parque 'El Arbolito', que foi o epicentro dos tumultos.
Posteriormente dirigiram-se ao Ministério Público equatoriano e apresentaram formalmente a denúncia.
A queixa foi apresentada contra o Estado e figuras de destaque como o Presidente do Equador, Lenín Moreno, a ministra do Governo, María Paula Romo, ou o comandante-geral da polícia, Hernán Carillo.
"Processamos as principais autoridades por crimes contra a humanidade", explicou o advogado Carlos Poveda, durante as declarações à imprensa dos representantes indígenas presentes no parque.
"Houve um ataque à população civil, porque houve execuções extrajudiciais (...) O facto de a força pública ser usada para intimidar é uma execução extrajudicial", acrescentou, sem revelar mais argumentos ou apresentar mais provas.
Nas manifestações de outubro de 2019, que eclodiram como protesto social pela eliminação dos subsídios à gasolina, posteriormente revogados para pacificar o país, 12 pessoas morreram e cerca de 1.500 ficaram feridas, sendo um terço destas agentes de segurança.
Inicialmente convocado pelos sindicatos, como os de transportes, o movimento indígena liderou os protestos, principalmente a partir do terceiro dia, e foi este movimento que negociou o fim dos protestos com o Presidente do Equador, que é agora acusado.
O Governo assegurou repetidamente que não houve violação dos direitos humanos e que apenas foram utilizadas medidas antimotim legítimas e legalmente autorizadas.
Carlos Poveda sublinhou ainda que, durante um ano, a Procuradoria-Geral foi solicitada a pronunciar-se e a investigar as mortes e feridos indígenas e realçou que "passou um ano mas nada aconteceu".
O presidente do CONAIE, Jaime Vargas, garantiu, por seu turno, que se o Estado não investigar e "não der resposta" o movimento irá "para organismos internacionais".