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Investigador: Trump é o "melhor aliado" da Guarda Revolucionária do Irão

O investigador francês Roland Marchal, que foi libertado de uma prisão no Irão no final de março, considera que a Guarda Revolucionária iraniana tem no Presidente Donald Trump o seu melhor aliado.

Investigador: Trump é o "melhor aliado" da Guarda Revolucionária do Irão
Notícias ao Minuto

17:37 - 08/06/20 por Lusa

Mundo EUA

O sociólogo francês foi libertado em março de uma prisão iraniana depois de ter sido detido em junho de 2019, à chegada para uma visita à colega Fariba Adelkhah, que também foi detida na mesma altura e, no mês passado, foi condenada a cinco anos de cadeia, acusada de "conspiração" e de "propaganda contra o sistema político".

Dois meses depois da sua libertação, Marchal pede a libertação de Fariba Adelkhah, apelando à intervenção da comunidade internacional, mas sem a convicção de que a União Europeia tenha capacidade para mediar negociações e acusando os Estados Unidos de dificultarem o processo de troca de prisioneiros.

Em declarações à Lusa, o investigador francês diz mesmo que o Presidente norte-americano, Donald Trump, acaba por ser um forte aliado da poderosa Guarda Revolucionária iraniana, que constitui o setor mais radical do regime de Teerão.

"Costumo considerar que o maior aliado da Guarda Revolucionária é Donald Trump, porque a sua saída do acordo nuclear eliminou totalmente os setores mais moderados do regime iraniano", abrindo espaço para os setores mais radicais, explica Marchal.

O sociólogo disse à Lusa que a Guarda Revolucionária é "portadora de uma linha dura, em essência hostil a qualquer aproximação com a Europa, bem como com os Estados Unidos".

Assim, conclui Marchal, os Estados Unidos tornam-se mais um obstáculo para uma resolução das situações de vários reclusos estrangeiros, ou com dupla nacionalidade, no Irão, incluindo Fariba Adelkhah.

Mas o sociólogo francês também não acredita na capacidade da União Europeia para mediar as negociações entre a comunidade internacional e o regime de Teerão.

"Acho que o facto de ter tentado ter essa capacidade (de mediação) terá efeitos na política externa de vários países e restaurará um pouco o projeto europeu, que perdeu grande parte do seu poder normativo na construção de novos direitos e na defesa de direitos antigos", disse Marchal, em declarações à Lusa.

O investigador acredita antes que alguns países europeus se possam unir, à volta dos valores comunitários, para pressionar o regime de Teerão a reconhecer que os académicos ocidentais presos devem ter um estatuto de liberdade de expressão idêntico ao que é concedido aos jornalistas.

Essa mesma ideia foi, de resto, escrita por Marchal num artigo recentemente divulgado no jornal diário francês La Tribune, onde elogia a diplomacia do Presidente Emmanuel Macron, atribuindo-lhe responsabilidade direta pela sua libertação.

Roland Marchal, preso em junho de 2019 quando visitava Fariba Adelkhah, foi libertado no final de março após um engenheiro iraniano ameaçado de extradição para os Estados Unidos, Jalal Rohollahnejad, ter sido libertado em França.

"Desde que regressei a França, também fiquei a saber, por meio de conversas com familiares de colegas detidos, que muitos países considerados ocidentais pelos meus ex-carcereiros não compartilham a posição da França e permanecem fundamentalmente indiferentes a essas prisões, concentrando-se no que consideram mais estratégico", escreveu Marchal no seu artigo do La Tribune.

Marchal junta assim a sua voz à de Macron, no pedido feito pelo Presidente francês ao Governo de Teerão.

"Há um ano, Fariba Adelkhah foi arbitrariamente presa no Irão. É inaceitável que ainda esteja na prisão. A minha mensagem para as autoridades iranianas: a justiça exige que nossa compatriota seja imediatamente libertada", escreveu o Presidente numa mensagem publicada no Twitter, no início deste mês.

Fariba Adelkhah foi condenada em 16 de maio a cinco anos de prisão por "conspiração para colocar em risco a segurança nacional" iraniana, num julgamento descrito como "político" por Paris e que pesa bastante nas relações entre os dois países.

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